terça-feira, 17 de outubro de 2017

Procuradoria se manifesta contra absolvição de Marisa Letícia em caso do tríplex

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A ex-primeira-dama Marisa Letícia está morta desde fevereiro, mas sua absolvição do processo do tríplex em Guarujá (SP) ainda é discutida na Justiça.

Nesta segunda (16), procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba se posicionaram contra essa possibilidade.

Ela respondia por três crimes de lavagem de dinheiro e teve a punibilidade extinta pelo juiz Sergio Moro após a morte, mas não houve absolvição sumária.

A defesa de Marisa e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou com recurso no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre) pela absolvição. Eles argumentam que o Código de Processo Penal prevê a medida caso a punibilidade seja extinta.

Embora a absolvição não tenha efeito no processo criminal contra Lula, aliados do ex-presidente ouvidos pela reportagem acreditam que a decisão seria simbólica e alimentaria politicamente a defesa do petista.

A manifestação do Ministério Público Federal discorda do pedido e, em documento protocolado nesta segunda (16), diz que "não há como o magistrado emitir juízo sobre a inocência ou a culpa da acusada".

"A decisão que declara extinta a punibilidade não é absolutória, na medida em que o magistrado, ao reconhecer uma situação jurídica, simplesmente declara que o Estado não tem mais a possibilidade de aplicar a sanção penal ao acusado, deixando, portanto, de analisar se ele é inocente ou culpado", diz o texto.

"Nessa linha, a pleiteada absolvição sumária de Marisa Letícia Lula da Silva, in casu, demanda análise de mérito da acusação, exame esse que o Juízo recorrido encontra-se impedido de empreender, em função da extinção da punibilidade da ré, diante de seu óbito".

O pedido da defesa ainda será julgado pela corte.

Primeira-dama do Brasil de 2003 a 2010, Marisa Letícia morreu aos 66 anos, após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

A acusação do Ministério Público Federal no caso do tríplex havia sido acolhida pela Justiça Federal, e tornado a ex-primeira-dama ré, em 20 de setembro de 2016. Em março, Moro extinguiu a punibilidade.

"Pela lei e pela praxe, cabe, diante do óbito, somente o reconhecimento da extinção da punibilidade, sem qualquer consideração quanto à culpa ou inocência do acusado falecido em relação à imputação", disse o juiz. "Não havendo condenação criminal, é evidente que o acusado, qualquer que seja o motivo, deve ser tido como inocente."

Em julho, no mesmo processo, Lula foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso. Ele nega as acusações e recorre. O processo será julgado pelo TRF-4, ainda em data indefinida.

por Catia Seabra e José Marques
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