quinta-feira, 9 de junho de 2016

Lobista diz que pagou US$ 4,5 milhões para campanha do PT

Zwi Skornicki fecha acordo de delação com a força-tarefa da Lava-Jato. Expectativa é de que ele conte tudo sobre o dinheiro que abasteceu campanhas feitas pelo marqueteiro João Santana

João Valadares
Zwi foi preso na 23ª fase da Lava-Jato, acusado de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro (foto: Fernando Frazão/Agência Brasil - 22/2/16)

Brasília – Preso com o ex-marqueteiro do PT João Santana, na 23ª fase da Operação Lava-Jato, denominada Acarajé, o engenheiro e lobista polonês Zwi Skornicki fechou com o Ministério Público Federal (MPF) acordo de delação premiada com o objetivo de diminuir a pena. Um dos filhos dele, Bruno Skornicki, alvo de condução coercitiva, também está negociando a colaboração. A informação preocupou os aliados da presidente afastada Dilma Rousseff, que tenta reverter votação no Senado para retornar ao poder. Os investigadores querem comprovar repasses de propina para abastecer a campanha de reeleição da petista, em 2014. Skornicki, assim como Santana e a mulher, Mônica Moura, além de outras cinco pessoas, viraram réus na Lava-Jato e respondem pelos crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro.

O lobista é responsável pela intermediação de contratos na Petrobras que somam R$ 6 bilhões. A expectativa do Ministério Público Federal é de que o polonês ofereça provas contundentes de como o dinheiro sujo abasteceu campanhas políticas. Ele é representante no Brasil no estaleiro Keppel e, de acordo com o MPF, foi citado por delatores como um forte operador do esquema de pagamento de subornos. Segundo reportagem publicada ontem pelo site do jornal O Globo, Skornicki disse à Lava-Jato que João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, lhe pediu US$ 4,5 milhões para ajudar a financiar a campanha pela reeleição de Dilma Rousseff, em 2014. O pagamento foi realizado diretamente para o marqueteiro João Santana e não foi declarado à Justiça Eleitoral.

A Polícia Federal investigou inicialmente o destino de US$ 7,5 milhões recebidos na Suíça por João Santana. A maior parte dos recursos – 60% – teria sido remetida, em 2013 e 2014, ao exterior por Skornicki, utilizando a empresa Shellbill Finance S.A. A Lava-Jato já sabe que pelo menos US$ 3 milhões, depositados entre abril de 2012 e março de 2013, foram repassados para um conta de Santana a partir de uma articulação de offshores controladas pela construtora Norberto Odebrecht.

Foi na casa de Zwi Skornicki que policiais federais encontraram, na 9ª fase da Operação Lava-Jato, em fevereiro de 2015, uma carta escrita por Mônica Moura. Ela encaminha dados de duas contas, uma que recebia em euro e outra em dólar, no exterior. Na mesma carta, a mulher de Santana diz que enviou o modelo de contrato e que apagou, por motivos óbvios, o nome da empresa.

Os investigadores da Lava-Jato descobriram que o patrimônio do engenheiro Zwi Skornicki aumentou 35 vezes em 10 anos. Passou de R$ 1,8 milhão para R$ 63 milhões. Quando foi preso, policiais federais recolheram em suas residências 15 carros antigos e diversas obras de arte de pintores famosos.

A PF ainda não tem provas de que os recursos foram repassados para pagamento de serviços prestados por Santana durante as campanhas presidenciais de Dilma. A delação de Skornicki pode ser a peça que faltava para fechar a investigação. Na época da prisão de João Santana, chamou a atenção dos policiais o fato de Santana ter declarado legalmente o recebimento de aproximadamente R$ 170 milhões por serviços eleitorais prestados no Brasil desde 2005 e ter escondido o recebimento de valores menores no exterior.

Na época da prisão, a defesa de João Santana alegou que todos os recursos em contas do exterior do marqueteiro eram provenientes de campanhas feitas fora do Brasil. Os advogados atestaram que não havia nenhum valor referente a pagamentos por serviços prestados no país.

Voos fretados
A presidente afastada, Dilma Rousseff, viajará hoje para Campinas (SP) em voo fretado pelo PT. A decisão foi tomada após a Casa Civil restringir o uso, por Dilma, das aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). A interpretação dada pelo governo em exercício é de que ela só poderá utilizar os aviões da FAB para o deslocamento entre Brasília e Porto Alegre, onde tem família.

A petista chegou a cogitar fazer os deslocamentos em aviões de carreira, mas percebe que a ideia seria inviável. Dilma tem direito a uma equipe de guarda-costas e assessores, o que poderia causar transtornos no deslocamento pelos aeroportos. Além disso, não prosperou a intenção de que todos os assentos próximos à presidente afastada fossem comprados, para evitar hostilidades. (Colaborou Paulo Tarso Lyra)

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