terça-feira, 1 de maio de 2018

Prisão de Lula absorve atos de 1º de maio e unifica centrais sindicais

© AFP O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso antes de ser preso

A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância na Operação Lava Jato, integrou-se à pauta das manifestações de sindicalistas neste feriado de 1º de maio, Dia do Trabalho, deslocou o eixo geográfico dos tradicionais atos da data e conseguiu unificar, em um mesmo palanque, petistas ferrenhos e artífices do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

As lideranças das maiores centrais sindicais do país costumam escolher os atos de 1º de maio em São Paulo para darem o ar da graça e falarem ao público, atraído por shows de artistas da moda e sorteios variados. Com Lula atrás das grades, entretanto, a principal mobilização em 2018 terá como palco Curitiba, onde o ex-presidente está detido desde 7 de abril.

Tendo como mote “Em Defesa dos Direitos e por Lula Livre”, o ato na capital paranaense ainda vai incorporar aos protestos contra a reforma trabalhista aprovada pelo governo Michel Temer (MDB) o discurso petista de que o ex-presidente é perseguido pela Justiça e um “preso político”. Lula foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) a 12 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá e ainda responde a outros seis processos na Justiça Federal.

O ato em Curitiba está marcado para as 14h desta terça-feira (1) na Praça Santos Andrade, no Centro da cidade, a cerca de 9 quilômetros da sede da Superintendência da Polícia Federal, onde o ex-presidente passou os últimos 24 dias. Além dos discursos de aliados de Lula, também estão previstas apresentações culturais e shows de artistas como as cantoras Beth Carvalho, Ana Cañas e Maria Gadu e o rapper Renegado.

Segundo as próprias centrais e o PT, a manifestação em Curitiba marcará a primeira vez desde a redemocratização em que as maiores entidades sindicais promovem um ato unificado. Estarão no palanque líderes de Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), União Geral dos Trabalhadores (UGT), entre outras, além das frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular e de movimentos sociais aliados ao PT, como MST, MTST e UNE.

Um dos apoiadores do impeachment de Dilma Rousseff no Congresso, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP), presidente da Força Sindical, diz que “é claro que o ato de Curitiba vai se transformar em um ato pró-Lula” e explica por que apoia manifestações em solidariedade ao petista.

“O que nos uniu foi a discordância em relação à prisão em segunda instância e também por eu defender o direito de Lula de ser candidato, mesmo que eu não o apoie”, justifica Paulinho da Força, que, no entanto, não vai à capital paranaense – ele será representado pelo secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, e o pré-candidato à Presidência pelo Solidariedade, Aldo Rebelo.

O feriado do Dia do Trabalho também tem manifestações previstas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e ao menos outras treze capitais.

Na capital paulista, a Força Sindical marcou seu tradicional show para as 11h na Praça Campo de Bagatelle, na Zona Norte, em cujo palco haverá o sorteio quinze carros Hyundai HB20, além de shows de Maiara e Maraísa, Simone e Simaria, Nego do Borel, Michel Teló e Leonardo, entre outros.

Ainda em São Paulo, CUT, CTB, Intersindical e as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular farão ato Praça da República, no Centro, a partir do meio-dia. Os cantores Chico César e Leci Brandão estão entre as atrações.

Sindicalistas barrados por juíza
Além de organizarem o ato em apoio a Lula em Curitiba, seis líderes de centrais sindicais pretendiam visitar o petista na cadeia nesta quarta-feira (2). O pedido, contudo, foi negado nesta segunda-feira (30) pela juíza federal Carolina de Moura Lebbos, responsável pela execução penal de Lula. Entre as lideranças barradas estão os presidentes da CUT e da CTB, Vagner Freitas e Adilson Gonçalves de Araújo, e João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical.

A magistrada entendeu que os pedidos são “incabíveis” e reforçou o entendimento que adotou ao negar, na semana passada, visitas de amigos de Lula, como a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, a ex-presidente Dilma Rousseff, o pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) e o vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo Perez Esquivel.

Na decisão, tomada na semana passada, Carolina Lebbos entendeu que “o alargamento das possibilidades de visitas a um detento, ante as necessidades logísticas demandadas, poderia prejudicar as medidas necessárias à garantia do direito de visitação dos demais”.

por João Pedroso de Campos
Este site não produz e não tem fins lucrativos sobre qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como mecanismo automático que "ecoa" notícias já existentes. Não nos responsabilizamos por qualquer texto aqui veiculado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário