Empreiteira citada na Lava-Jato repassou recursos a instituto e a empresa do ex-presidente, aponta perícia da Polícia Federal
O documento é o primeiro elo de Lula com empreiteiras da Lava-Jato - Nelson Almeida/AFP - 30/3/15
São Paulo – Perícia da Polícia Federal (PF) identificou doação feita pela construtora Camargo Corrêa ao Instituto Lula no valor de R$ 3 milhões e pagamento de R$ 1,5 milhão à Lils Palestras Eventos e Publicidade, empresa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É a 1ª vez que as investigações encontram elo entre uma das investigadas na Operação Lava-Jato com Lula. Os repasses estão identificados no balanço interno da Camargo como “Contribuições e doações” e “Bônus eleitorais”.
Os documentos foram anexados ao inquérito que apura a participação da empresa e de seus executivos no esquema de corrupção. Segundo o laudo, entre 2011 e 2013, a Camargo pagou três parcelas de R$ 1 milhão cada uma ao Instituto Lula. O balanço não explica os motivos do pagamento. Em 2012, o repasse estava sob a rubrica “bônus eleitorais”. No mesmo período, a construtora informou à Receita Federal que pagou R$ 1,5 milhão à Lils. A empresa foi criada por Lula após a sua saída do Planalto e era responsável pelo contratos de palestras e eventos feitos por ele no Brasil e no exterior.
A PF analisou as movimentações de “cunho político” da Camargo de 2008 a 2013. O laudo relata todas as doações legais da empreiteira a campanhas de diversos partidos, num total de R$ 183 milhões. Os investigadores encontraram também o pagamento a três empresas de consultoria investigadas na Lava-Jato. Entre elas, a JD, do ex-ministro José Dirceu, que recebeu R$ 900 mil . A empreiteira pagou ainda R$ 3,5 milhões a empresa de Pedro Paulo Leoni Ramos, ministro no governo Collor e investigado na Lava-Jato por supostamente intermediar propina ao senador alagoano.
O Instituto Lula informou que a Camargo apoia publicamente a organização e que os valores foram doados à entidade “para a manutenção e desenvolvimentos de atividades institucionais, conforme objeto social do seu estatuto, que estabelece (...) o estudo e compartilhamento de políticas dedicadas à erradicação da pobreza e da fome no mundo”.
Quanto aos repasses à Lils, a assessoria de Lula disse, em nota, que são referentes à remuneração por quatro palestras feitas por Lula. Sobre a rubrica (“doações, contribuições e bônus eleitorais”) em que tais pagamentos se inserem na contabilidade da Camargo, a nota diz que “deve ser algum equívoco’. “O Instituto Lula não prestou nenhum serviço eleitoral, tampouco emite bônus eleitorais, o que é prerrogativa de partidos”. A assessoria nega que os pagamentos se liguem a contratos da Petrobras e ressalta que “essas doações e pagamentos foram devidamente contabilizados, declarados, e recolhidos os impostos”.
Também por meio de nota, a Camargo disse que as contribuições ao Instituto Lula se referem a apoio institucional e ao patrocínio de palestras de Lula no exterior. A defesa de Dirceu informou que já esclareceu os serviços prestados pela JD a investigadas na Operação Lava-Jato.
Nessa terça-feira (9), o Ministério Público Federal (MPF), que já havia pedido condenações de executivos da Camargo Corrêa, apresentou suas alegações finais contra outros cinco, ligados à OAS. Eles foram denunciados por organização criminosa, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e falsidade ideológica.
fonte
Este site não produz e não tem fins lucrativos sobre qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como mecanismo automático que "ecoa" notícias já existentes. Não nos responsabilizamos por qualquer texto aqui veiculado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário