Lula reuniu-se com religiosos, na sede do Instituto
A prisão dos principais executivos das maiores empreiteiras do país sinaliza para que as forças reacionárias abram a temporada de caça ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, conforme mostram as edições dos principais diários da mídia de ultradireita, no país. Colunista do diário conservador carioca O Globo, Ricardo Noblat afirma, em sua coluna deste sábado, que “nunca a investigação sobre a roubalheira na Petrobras chegou tão perto de Lula”.
“Nine’. É assim que o juiz Sérgio Moro se refere a Lula quando está entre amigos. Tem esperança de pegá-lo”, afirma Noblat.
– A essa altura só sei dizer uma coisa. Nunca a investigação sobre a roubalheira na Petrobras chegou tão perto de Lula, com a prisão dos empreiteiros. Principalmente a relações de Lula com Marcelo Odebrecht acenderam uma luz vermelha no governo e no próprio PT. Na medida em que o Marcelo Odebrechet foi feito prisioneiro e pode, eventualmente, até negociar uma delação premiada e contar pelo menos parte do que ele sabe para evitar pegar uma pena maior, no futuro, isso deixa o pessoal do governo e do PT muito assustado – diz ele.
O jornal da Rua Irineu Marinho, no Rio, também cobriu, na véspera, um encontro do ex-presidente com religiosos, no Instituto Lula. Na reunião, segundo o jornal que apoiou a ditadura militar, o ex-presidente teria criticado duramente a presidenta Dilma Rousseff e lançado um diagnóstico:
– Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto. Todos estão numa situação muito ruim. E olha que o PT ainda é o melhor partido. Estamos perdendo para nós mesmos.
Na matéria sobre o assunto, o Instituto Lula não faz qualquer menção ao que noticiou o jornal das Organizações Globo mas sua assessoria de imprensa prefere não comentar a matéria. Confrontado com críticas à “acomodação” de governantes e parlamentares petistas, segundo o site do Instituto Lula, o ex-presidente afirmou que é preciso retomar o “sonho petista”.
– Ainda hoje, com todas as notícias negativas contra nós, ainda somos o partido mais popular nas pesquisas. As pessoas sonham que o PT volte a ser o que era, e se existe esse sonho, vamos torná-lo realidade – disse Lula.
Lula, no encontro, teria dito que a atual gestão de Dilma assemelha-se a “um governo de mudos”.
– Aquele gabinete (presidencial) é uma desgraça. Não entra ninguém para dar notícia boa – reclamou.
O líder petista teria creditado ao governo de sua sucessora a crise vivida pelos petistas. e que é “um sacrifício” convencê-la a viajar pelo país e defender seu governo.
Ao citar uma pesquisa interna do partido, que revela a extensão da crise instalada no núcleo da legenda, Lula afirmou que “o momento não está bom” e “o momento é difícil”.
– Acabamos de fazer uma pesquisa em Santo André e São Bernardo, e a nossa rejeição chega a 75%. Entreguei a pesquisa para Dilma, em que nós só temos 7% de bom e ótimo – disse.
O resultado teria chegado ao gabinete da presidenta Dilma:
– Isso não é para você desanimar, não. Isso é para você saber que a gente tem de mudar, que a gente pode se recuperar. E entre o PT, entre eu e você, quem tem mais capacidade de se recuperar é o governo, porque tem iniciativa, tem recurso, tem uma máquina poderosa para poder falar, executar, inaugurar…
Mais de 30 convidados encontro, entre eles o bispo dom Pedro Luiz Stringhini e o ex-ministro Gilberto Carvalho, defenderam a volta do partido volte à prática de representar os trabalhadores. Lula concordou e disse que os petistas trocaram a discussão da política pela do mandato.
A exemplo do que ocorre, hoje, com a Operação Lava Jato, na qual os réus são condenados publicamente antes mesmo do julgamento, durante as investigações sobre a Ação Penal 470, conhecida como ‘mensalão’, o PT somente voltou defender os líderes presos quando começou o julgamento no Supremo.
– Nós começamos a quebrar a cara ao tratar do ‘mensalão’ juridicamente. Então, cada um contratou um advogado. Advogado muito sabido, esperto, famoso, desfilando por aí, falando que a gente ia ganhar na Justiça. E a imprensa condenando. Todo dia tinha uma sentença. Quando chegou o dia do julgamento, o pessoal já estava condenado – teria dito o ex-presidente.
Para Lula, o atual momento vivido pelo PT é ainda mais dramático. Ele diz que há um “mau humor na sociedade”. E que até o ministro do STF Ricardo Lewandowski, “que votou contra (o ‘mensalão’)”, sofreu ofensas. Hoje em dia, disse Lula, quem é hostilizado na rua são os próprios petistas.
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