quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Cientistas descobrem estranho som sendo emitido do gelo da Antártida


Pesquisadores que trabalham na plataforma de gelo Ross gravaram gemidos criados pela passagem do vento na superfície congelada. A frequência detectada é muito baixa para que os ouvidos humanos a captem sem nenhuma ajuda tecnológica, mas quando a gravação é acelerada 1.200 vezes, este som pode ser ouvido.

“É como se você estivesse assoprando uma flauta constantemente na plataforma de gelo”, diz o matemático e geofísico Julien Chaput, da Universidade Estadual do Colorado.

Quando está acelerado e audível, o gemido fica assim:



Como eles descobriram isso?
Energia solar manteve os sensores em funcionamento por dois anos

Claro que a equipe não foi até a Antártica para gravar uma trilha sonora de filme de terror. O objetivo da pesquisa era aprender mais sobre as propriedades físicas da plataforma de gelo Ross, o maior pedaço de gelo flutuante do mundo, que tem o tamanho da Espanha.

Conforme o mundo continua se aquecendo, as plataformas de gelo estão começando a entrar em colapso e se quebrar. Para entender melhor o que está acontecendo ali, Chaput e seus colegas enterraram 34 sensores sísmicos abaixo de uma camada grossa de neve que fica no topo da plataforma.

Esses sensores monitoraram a estrutura entre o fim de 2014 e o começo de 2017, e quando a equipe examinou os dados, eles perceberam que esta camada de neve é movimentada constantemente por causa do vento que passa acima dela.

“Descobrimos que a plataforma canta continuamente em frequências de cinco ou mais ciclos por segundo, gerado por ventos locais e regionais que sopram sobre esta topografia semelhante a dunas de neve”, descrevem os pesquisadores em um artigo publicado na revista Geophysical Research Letters.

Flauta gigante
De acordo com os pesquisadores, variações na força do vento e mudanças na temperatura do ar podem impactar a camada de neve e afetar o tom do gemido detectado.

Há duas variações que causam tons diferentes, da mesma forma que uma flauta funcionaria: “ou você muda a velocidade [da vibração] da neve ao aquecê-la ou esfriá-la, ou você muda o local onde você sopra a flauta, ao adicionar ou destruir dunas”, explica Chaput.

Como esta pesquisa pode ser aproveitada?
Estudar como essas vibrações se comportam e como elas mudam com o tempo poderia nos ajudar a aprender mais sobre como as camadas de gelo estão reagindo ao aquecimento global.

“Da mesma forma que o pelo grosso protege um mamute, a camada mais superior de pele da Antártica é essa camada de gelo. Ela é a proteção mais importante contra o aquecimento”, comparou o especialista em Glaciologia Douglas MacAyeal que não participou do estudo, mas que publicou um comentário sobre ele.

Chaput concorda com a comparação: “o derretimento da camada de neve superior é considerado um dos fatores mais importantes na desestabilização de uma plataforma de gelo, o que pode acelerar a queda do gelo no oceano”.

Com esta nova ferramenta – a música do gelo –, é possível acompanhar melhor as mudanças nas plataformas de gelo conforme o planeta vai ficando mais quente. [Science Alert]

por Juliana Blume
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