As cobras em geral não são assassinas muito gentis. Elas matam suas vítimas ou através de seus venenos cheios de toxinas ou as engolindo ainda vivas.
As jiboias e outras cobras constritoras, como as cobras sucuri, no entanto, preferem uma abordagem mais íntima: elas dão às vítimas um abraço mortal, esmagando-as antes de se alimentarem.
A sabedoria popular diz que as vítimas das constritoras morrem por asfixia, mas esta teoria tem sido questionada desde 1920, e a suposição não foi verificada em testes científicos.
Agora, experimentos de laboratório revelam que as constritoras mais provavelmente causam a morte das vítimas parando o fluxo de sangue nelas, privando seu coração e cérebro de receber o fluido vital. Animais capturados em tal situação desmaiam e morrem em poucos minutos, de acordo com o estudo.
A hipótese de morte por asfixia provavelmente decorre do fato de que um rato ou coelho enrolado por uma sucuri parece estar com falta de ar. Mas a velocidade com que a sua vida se apaga conta uma história diferente, diz o autor Scott Boback, herpetologista no Dickinson College, nos EUA.
Morte rápida
Boback e seus colegas anestesiaram 24 ratos e os ofereceram para 9 constritoras – algumas selvagens, capturadas em Belize, e outras criadas em cativeiro. Antes de sacrificar os roedores, os pesquisadores inseriram eletrodos de eletrocardiograma e cateteres nos corpos dos animais, para que eles pudessem monitorar a frequência cardíaca e dados de pressão arterial ao longo do processo de esmagamento.
Os pesquisadores ficaram surpresos ao observar que a circulação de sangue caiu pela metade no prazo de seis segundos conforme as cobras se enrolavam em torno dos ratos. Durante o minuto seguinte, os corações dos ratos começaram a bater irregularmente, causando “graves impactos sobre a função cardiovascular”.
No final de um período de seis minutos, mais de 90% dos ratos havia sofrido danos irreversíveis ao coração e morrido. Os roedores, no entanto, não teriam percebido. Se estivessem conscientes, Boback acredita que eles teriam desmaiado momentos após a compressão ter começado, devido à falta de fluxo sanguíneo para o coração e o cérebro.
Os resultados mostram que as presas morrem rápido demais para a asfixia ser um problema – provavelmente levaria alguns minutos, e não segundos, para que ela fosse a culpada pela morte. “O interessante sobre os nossos resultados é que houve uma série de falhas fisiológicas acontecendo simultaneamente nos ratos”, diz Boback. Entre elas, a diminuição da pressão nas artérias dos animais, aumentando a pressão nas veias, e o sangue rico em potássio e acidez. “Cada uma dessas falhas poderia ter causado a morte nos animais”, continua ele. “O fato de todas ocorrerem ao mesmo tempo é bastante notável e significativo”.
Se o seu destino é ser o jantar de uma cobra, a morte relativamente rápida por constrição parece quase preferível a ser engolido vivo ou ter um veneno letal injetado em seu corpo, que começa a digerir os tecidos de um animal antes que ele esteja morto, ou então provoca hemorragia interna descontrolada ou coagulação. [Smithsonian]
fonte
por Jéssica Maes
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