Justiça Federal condena cúpula da construtora a até 15 anos de prisão.
PF indicia presidente da Odebrecht e outros ex-executivos da empreiteira.
O juiz Sergio Moro condenou três ex-dirigentes da Camargo Corrêa por crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. E a Polícia Federal indiciou o presidente da Odebrecht e outros ex-executivos da empreiteira.
O inquérito que investiga a Odebrecht, a maior empreiteira do país, foi concluído na tarde desta segunda-feira (20). A Polícia Federal indiciou Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira e outros quatro ex-executivos.
Marcelo Odebrecht foi preso em junho na 14ª fase da Operação Lava Jato, e desde então está na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. As investigações apontam que há motivos para que os executivos sejam denunciados à Justiça. No inquérito, a polícia inclui depoimentos e o que seriam provas apresentadas por delatores da Lava Jato, que comprovariam o pagamento de propina.
O ex-gerente de serviços da Petrobras Pedro Barusco confessou na delação premiada que recebeu propina paga pela Odebrecht em contas no exterior.
A Polícia Federal apontou também a suspeita de superfaturamento em contratos de construção de navios sonda e concluiu que a Odebrecht pretendia aplicar sobrepreço nos custos de operação destes contratos.
Um bilhete de Marcelo Odebrecht para os advogados com o texto “destruir e-mail sondas” foi considerado pela polícia uma evidência de que o empresário pretendia criar obstáculos para as investigações. A defesa de Marcelo Odebrecht nega.
A PF também atribui ao empresário preso “doações e pagamentos diretos a ex-diretores da Petrobras e a políticos”. E “influência junto a instituições inclusive o Judiciário”.
No relatório final, a Polícia Federal também pediu a manutenção da prisão preventiva de Marcelo Odebrecht e de outros quatro executivos da empreiteira. Para o delegado responsável que conduziu o inquérito, as prisões são necessárias para garantir a ordem pública e o bom andamento das investigações. O Ministério Público Federal tem até sexta-feira (24) para decidir se denuncia ou não os acusados à Justiça.
Também nesta segunda-feira (20) a Justiça condenou seis pessoas no processo contra a construtora Camargo Corrêa. Entre os condenados estão o presidente da construtora Camargo Corrêa, Dalton Avancini, e o ex-vice-presidente, Eduardo Leite.
Avancini e Leite foram condenados a 15 anos. Eles vão continuar em prisão domiciliar e, a partir de março do ano que vem, passarão para o regime semiaberto. Paulo Roberto Costa segue em prisão domiciliar até outubro e depois passa para o semiaberto. Alberto Youssef ficará preso em regime fechado por mais um ano e sete meses.
Já João Roberto Auler, o ex-presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa, foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão. O ex-policial Jaime Alves de Oliveira pegou 11 anos e 10 meses.
Eles terão que devolver R$ 50 milhões de indenização à Petrobras.
A Camargo Corrêa declarou que se pôs à disposição das autoridades e que se esforça para identificar e sanar irregularidades.
Dalton Avancini e Eduardo Leite, condenados a 15 anos e nove meses de prisão, disseram que as condenações estão dentro do esperado no acordo de delação premiada.
A Odebrecht afirmou que o indiciamento de Marcelo Odebrecht não tem fundamento sólido, mas que já era esperado.
E a Polícia Federal apontou no indiciamento dos executivos da Odebrecht que o presidente da empresa tentou atrapalhar as investigações da Operação Lava Jato.
Os investigadores analisaram anotações feitas no telefone do próprio Marcelo Odebrecht. No inquérito, finalizado nesta segunda-feira (20), os policiais disseram que é clara a tentativa do presidente da Odebrecht S.A de atrapalhar as investigações.
O documento diz que anotações feitas por ele citam autoridades públicas, doações de campanha, pagamentos diretos e influências junto a instituições, inclusive o Judiciário.
O delegado da PF, Eduardo Mauat da Silva, considera que a anotação mais grave diz respeito a utilização de um dissidente da Polícia Federal com o objetivo de atrapalhar as investigações.
A defesa de Marcelo Odebrecht, por enquanto, preferiu não comentar sobre essas anotações.
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