Ex-médico está preso na penitenciária do interior do estado de SP.
Ele é condenado a 278 anos de prisão por 48 ataques a 37 mulheres.
A Polícia Nacional do Paraguai investiga se o ex-médico Roger Abdelmassih, preso na terça-feira (19) em Assunção, capital paraguaia, estava se preparando para abrir uma clínica de fertilização naquele país.
O inquérito policial também vai apurar o modo como ele se mantinha financeiramente no país bem como o uso de documento falso ou adulterado. O trabalho será feito em conjunto com o Ministério Público do Paraguai.
“Estamos analisando as informações, investigando isso”, disse Elisa Ledesma, chefe de Relações Públicas da Polícia Nacional do Paraguai.
O Ministro Antidrogas do Paraguai, Luis Rojas Ramirez, também tem a suspeita de que uma clínica estaria sendo montada pelo ex-médico brasileiro. “Há essa suspeita, mas não sabemos como seria. Não é atribuição da Senad ver isso”, explicou.
A chefe de Relações Públicas da Polícia Nacional do Paraguai informou ainda que a investigação também irá verificar a nacionalidade dos dois filhos de Roger Abdelmassih e Larissa Sacco, que viviam com o casal em uma casa de luxo em Assunção. “Estamos verificando informações em hospitais, em cartórios de registros para sabermos a nacionalidade. É um trabalho de inteligência.”
Outros crimes
O ex-médico também está sendo investigado por possíveis crimes cometidos durante o período em que morou no país, como lavagem de dinheiro. Segundo o agente fiscal Juan Emílio Oviedo, a Promotoria recebeu nesta quinta-feira (21) a denúncia feita pela Diretoria de Imigração e instaurou o inquérito nesta sexta-feira (22).
Oviedo disse ao G1 que ainda vai “investigar qualquer delito que possa ter sido praticado por ele aqui”. O procurador-geral do estado Javier Diaz Verón nomeou a promotora Lorena Ledesma para investigar o caso. A auração deve começar pela forma como Abdelmassih entrou no Paraguai e a possibilidade de envolvimento de policiais ou funcionários públicos na emissão do documento.
"Acreditamos que ele usou uma carteira de identidade paraguaia para viajar livremente por todo o país. Pedimos ao Ministério Público para abrir uma investigação para determinar a identidade das pessoas que podem ter sido envolvidas no incidente, direta e indiretamente", disse o diretor geral de Imigração, Jorge Kronawetter.
Segundo o superintendente do órgão, Gilberto Gauto, uma cópia da identificação deve ser periciada para saber se foi adulterada ou falsificada. O número do documento é 367.466 e foi emitido em 2009, em nome de Ricardo Galeano, com data de nascimento de 6 de fevereiro de 1949. Ainda segundo Gauto, o documento apresenta como origem de emissão a cidade de Presidente Hayes, na Colônia Rodríguez Francia. A foto da identidade paraguaia é de Abdelmassih.
Julgamento no Brasil
Oviedo afirmou ainda que, em caso de confirmação desses crimes e outros a serem investigados, o ex-médico não poderá ser julgado no Paraguai. “Não é pelo fato de ele ter sido expulso do país, mas é que no Paraguai não há julgamento à revelia; portanto, Roger [Abdelmassih] será investigado, mas o expediente será levado à Justiça brasileira”, explicou Oviedo.
Segundo o promotor, o julgamento de Abdelmasih no Brasil por crimes cometidos por ele no Paraguai é possível por conta do artigo 7º do Código Penal Brasileiro, que prevê que brasileiros estão sujeitos às leis brasileiras mesmo que cometam crimes no exterior.
Paradeiro da mulher do ex-médico
A Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) no Brasi, emitiu um alerta chamado Difusão Azul para busca e localização de Larissa Sacco, mulher do ex-médico.
“A motivação da Difusão Azul é pela ajuda a um delinquente. Esta é a razão do comunicado da Interpol, que veio de Brasília nesta quinta-feira. É preciso esclarecer que não se trata da Difusão Vermelha, pois o objetivo não é prender Larissa. Apenas temos de encontrá-la e informar o paradeiro dela e dos filhos às autoridades paraguaias e brasileiras”, disse Francisco Javier Cristaldo Gomez, comissário da Interpol no Paraguai.
Abdelmassih foi preso em uma operação da Senad paraguaia em conjunto com a Polícia Federal brasileira na terça-feira (19) e, desde então, ela e seus dois filhos gêmeos não foram mais vistos no Paraguai.
fonte:http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/08/policia-investiga-se-abdelmassih-estava-abrindo-clinica-no-paraguai.html
Glauco Araújo - Do G1, em Assunção