segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Dilma ignora o PT em discurso no Senado

Até mesmo o seu padrinho político, o ex-presidente Lula, acabou praticamente passando em branco


A presidente afastada Dilma Rousseff faz sua defesa na sessão de votação do julgamento final do processo de impeachment, no plenário do Senado - 29/08/2016 (Ueslei Marcelino/Reuters)

A presidente afastada Dilma Rousseff usou a tribuna do Senado nesta segunda-feira para proferir um discurso que, seja qual for o desfecho do processo de impeachment, ficará registrado como um dos momentos mais marcantes da história do país. Ao longo de 45 minutos, a petista discorreu sobre seu passado como guerrilheira, disse ser alvo de uma “trama” e de um “golpe”, atacou o governo de seu sucessor, Michel Temer, e investiu no discurso do medo, colocando em xeque a continuidade de projetos sociais implementados pelo PT caso ela seja cassada.

No plenário, deputados e senadores petistas, responsáveis por puxar um tímido aplauso logo no início da manifestação, amontoavam-se para acompanhar o discurso da ainda presidente. Mas, da tribuna, não receberam o mesmo reconhecimento. Dilma Rousseff não fez nenhum aceno ao PT, partido ao qual se filiou em 2001 e que em seus últimos momentos como presidente se viu às voltas de constantes descontentamentos motivados pela falta de diálogo na elaboração de medidas impopulares de ajuste fiscal.

Até mesmo o seu padrinho político, o ex-presidente Lula, acabou praticamente passando em branco. O petista esteve com Dilma na noite deste domingo para fazer os últimos retoques no discurso desta manhã e acompanhava, com os olhos vidrados, o pronunciamento da presidente afastada da galeria do Senado. Indiciado na semana passada pela Polícia Federal no âmbito da Lava Jato, Lula, ironicamente, apenas foi lembrado quando Dilma afirmou que no governo dela e de seu antecessor “foram dadas todas as condições para que as investigações” sobre corrupção avançassem.

Também acompanhava o discurso o presidente nacional do PT, Rui Falcão, que não hesitou em dar as costas a uma das principais bandeiras de Dilma nos seus últimos momentos como presidente: a proposta de um plebiscito para a convocação de novas eleições. A medida seria uma alternativa para apear Temer do Planalto antes de 2018.

Questionado por VEJA, o vice-presidente do PT, deputado José Guimarães (PT-CE), minimizou a ausência de menções ao partido na fala de Dilma. “Essa não é uma plenária do PT. Estamos no Senado. Dilma não tem que citar Lula nem ninguém. Agora é ela”, afirmou. “Não haveria porque ter acenos ao partido. Dilma falou para o país”, continuou.

Por Marcela Mattos
Este site não produz e não tem fins lucrativos sobre qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como mecanismo automático que "ecoa" notícias já existentes. Não nos responsabilizamos por qualquer texto aqui veiculado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário