quinta-feira, 6 de agosto de 2015

G1 encontra urubus, rato e muito lixo em praias da Baía de Guanabara

Locais que receberão atletas e turistas em 2016 têm situação precária.
'Competir na Baía é um crime contra atletas', afirma morador.

Um dia após o início da contagem regressiva de um ano para as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, o G1 mostra uma análise de como está a situação das praias que integram a Baía de Guanabara. Os locais vão receber turistas e atletas durante os Jogos, mas a situação encontrada assusta: foram encontrados ratos, urubus, pneus e muito lixo.
No dia 30 de julho, a Associated Press divulgou um estudo dizendo que os atletas que competirem nessas águas têm 99% de chance de contraírem algum tipo de doença. Já na segunda-feira (3), o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, admitiu que errou na previsão para a despoluição da baía, mas afirmou que em 2030 o processo terá terminado.

Rato em passarela que dá acesso à Praia de Botafogo; cena comum, dizem frequentadores (Foto: Reprodução)

A bióloga e ex-atleta olímpica Cristina Bassani afirmou que o processo de recuperação anunciado pelo governador é uma boa saída, mas ela não tem certeza se até o prazo estipulado será possível.
“A gente estima o problema solucionado ao longo de muitos anos. O povo e a população não querem ouvir que só em 2030 seríamos capazes de ver a baía despoluída, mas eu não sei nem se em 2030 a gente vai conseguir”, afirmou a doutora em geografia física.
Perguntada sobre o risco de contaminação dos atletas, ela afirmou que é possível que algum deles contraia algum tipo de doença.
“Muita coisa pode acontecer: problemas de pele, diarreias provocadas por algas, até mesmo cianobactérias que são pequenas e muita gente não vê. A gente tem uma variedade de organismos que pode trazer problemas para a saúde. Não existe apenas o vírus. Eu, como atleta, espero que esse quadro mude”, disse a ex-nadadora, que participou das Olimpíadas de Munique e Montreal.

Lixeira quebrada e lata de cerveja na areia (Foto: Matheus Rodrigues / G1)

Flamengo e Botafogo
Na segunda-feira (3), o G1 visitou as praias do Flamengo e de Botafogo, na Zona Sul, e encontrou urubus, garrafas de vidro e pneus nas areias. Um forte mau cheiro incomodava as pessoas que caminhavam na orla fazendo duas atividades físicas. O arquiteto Nilton Rodrigues é morador do bairro há mais de 60 anos e afirmou que a situação está piorando com o passar dos anos. De acordo com ele, realizar provas dentro da baía é um crime contra os atletas.

Fazer uma competição aqui na Baía de Guanabara, ou na Lagoa Rodrigo de Freitas, isso é um crime contra esses atletas."
Nilton Rodrigues, arquiteto

“Uma coisa é dizer que aqui é um cartão-postal, mas fazer uma competição aqui na Baía de Guanabara, ou na Lagoa Rodrigo de Freitas, isso é um crime contra esses atletas. Chega a ser até irresponsável por parte das autoridades. A poluição está ai, está clara, foram feitos recentemente estudos e mostraram que a água, além de bactérias, coliformes fecais, está até com vírus. Quem vai se responsabilizar se algo acontecer a algum grande atleta que estará aqui competindo?”, perguntou o morador.

Já Marjorie Araújo, de 26 anos, contou que o local é usado como depósito de lixo. Ela contou que é possível encontrar todo tipo de dejeto nas águas da Praia de Botafogo.
“A situação vem piorando. E já me contaram, eu nunca vi, que tem pneu, tem de tudo. Eles largam tudo aqui, é como se a praia fosse um lixo. É um absurdo, uma praia tão bonita, a gente podia frequentar o local, e é uma pena. Os governantes não querem saber, só querem ganhar o dinheiro deles e não ligam para a população”, disse.

Funcionários limpam as areias da Praia de Icaraí, em Niterói (Foto: Matheus Rodrigues/G1)

Icaraí e Jurujuba
Na terça-feira (4), o G1 percorreu algumas praias de Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Pela orla de Icaraí garis recolhiam lixo das areias, mas as águas não estavam limpas. Mesmo sem condições ideais, algumas pessoas se arriscaram a entrar no mar e outras tentavam pegar onda.
O engenheiro Dário Seixas mora em Icaraí há mais de 30 anos e sempre tomou banho na praia do bairro. Ele afirmou que, antigamente, era comum famílias se reunirem na praia para tomar banho de mar. Atualmente, as pessoas evitam por causa da poluição, mas ele contou que ainda se arrisca.

“Não existia essa poluição, nós tínhamos um trampolim enorme e a gente brincava. Eu era criança na época, tinha 13 anos, e a gente brincava de pique. Era uma praia límpida, tranquila, sem poluição nenhuma. Hoje tem uma diferença muito grande de poluentes. Hoje em dia ainda vou na água, não nado muito mas venho todos os dias”, disse.
Criança brincava na Praia de Jurujuba, em Niterói, em mar com lixo (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)
Criança brincava na Praia de Jurujuba, em Niterói, em mar com lixo (Foto: Matheus Rodrigues/ G1)
Em Jurujuba, a situação estava mais grave em relação à poluição do mar e das areias. Foi possível encontrar sacolas plásticas na água, diversas garrafas e restos de peixes na orla da praia. Mesmo com essas condições, uma criança tomava banho de mar.
O pescador Álvaro Gilson do Nascimento, de 65 anos, disse que no verão a praia recebe muitos banhistas.
“Aqui é mais no verão, de setembro em diante isso aqui fica cheio. A gente, que é morador, chega a sofrer com tanta gente aqui. Não consegue quase andar. Todas as praias por aqui enchem no verão, para você pegar um ônibus é difícil de tanta gente”, contou.

O G1 procurou a Secretaria de Meio Ambiente, mas até a última atualização desta reportagem não tinha obtido resposta.

fonte:http://g1.globo.com/
por Matheus Rodrigues - Do G1 Rio
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