quarta-feira, 21 de junho de 2017

Brasil proíbe cinco frigoríficos de exportar para os EUA

Autoridades sanitárias americanas identificarem irregularidades provocadas pela reação à vacina de febre aftosa

Os EUA foram um dos poucos países que não interromperam a compra de carne do Brasil depois de a operação Carne Fraca (Dario Lopez-Mills/AP/VEJA)

O Ministério da Agricultura suspendeu as exportações de cinco frigoríficos para os Estados Unidos, depois de autoridades sanitárias americanas identificarem irregularidades provocadas pela reação à vacina de febre aftosa. A proibição continuará em vigor até que sejam adotadas “medidas corretivas”, disseram técnicos do ministério.

“Mais uma vez a indústria está herdando um problema que não criou”, afirmou o presidente do conselho da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Camardelli. Segundo ele, a vacina causa uma reação que provoca abscessos em alguns animais. Quando o problema é visível, a parte afetada é retirada na inspeção feita no Brasil. Mas há casos em que as marcas são internas.

Camardelli disse que os fabricantes de vacinas terão de encontrar uma solução para o problema. A Abiec também defende o envio de uma missão técnica aos EUA para discutir o assunto. “Já havíamos alertado os produtores de vacinas para os problemas reais que estamos tendo”, ressaltou. “Temos de garantir a abertura desse mercado que é tão importante e demorou tanto para ser aberto.”

Carne Fraca
Os EUA foram um dos poucos países que não interromperam a compra de carne do Brasil depois de a operação Carne Fraca, lançada em março, identificar problemas sanitários em várias plantas exportadoras. Imposto pelo Ministério da Agricultura na sexta-feira, o bloqueio atinge três estabelecimentos da Marfrig, um da Minerva e um da JBS.

De acordo com técnicos do Ministério da Agricultura, o mecanismo de “autossuspensão” permite que as exportações sejam retomadas de forma mais acelerada. Em nota, eles disseram que “trabalham para prestar todos os esclarecimentos e correções no sentido de normalizar a situação”.

Na terça-feira, 20, a agência responsável pela supervisão sanitária nos EUA enviou orientação a seus inspetores determinando a rejeição de todos os produtos das cinco plantas. Os que já estiverem sido apresentados na alfândega só serão admitidos depois de passarem por re-inspeção.

“Essa é uma ação preventiva e temporária do Brasil, para aperfeiçoamento dos processos das empresas”, disse Luiz Caruso, adido agrícola em Washington.

A JBS informou que encaminhou os esclarecimentos solicitados por meio da Abiec e ressaltou que não foram encontrados problemas relativos às instalações da planta nem à qualidade do produto. Em nota, a Marfrig disse que está adotando providências para atender às “exigências do mercado americano nos seus processos produtivos”.

Antes da decisão, o Brasil tinha 31 frigoríficos habilitados para exportar aos EUA, quase metade dos quais (15) da JBS. Com a suspensão de três de suas plantas, a Marfrig ficará com apenas duas autorizadas a vender ao mercado americano. A Minerva teve um de seus cinco estabelecimentos desabilitados.

Os EUA abriram seu mercado de carne in natura para o Brasil em 2016, em uma medida criticada por entidades locais. “O Brasil tem sido um problema nos últimos dez anos”, disse Tony Corbo, o principal lobista na área de alimentos Food & Water Watch.

(Com Estadão Conteúdo)
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