sábado, 17 de junho de 2017

Justiça espanhola decide extraditar operador da Odebrecht

Réu na Lava Jato por operar contas offshore da empreiteira, Rodrigo Tacla Duran tem cidadania espanhola e foi preso em novembro de 2016

Polícia Federal faz buscas na empreiteira Odebrecht, em São Paulo, durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, iniciada na manhã desta segunda-feira (22), intitulada 'Acarajé'. A Lava Jato investiga o esquema de corrupção na Petrobras (VEJA.com/Folhapress/Folhapress)

A Justiça da Espanha decidiu extraditar o advogado Rodrigo Tacla Duran, um dos operadores de contas no exterior do Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propinas da Odebrecht, e réu na Operação Lava Jato por lavagem de dinheiro. A extradição, “para processo de delito de coparticipação, lavagem de dinheiro e organização criminosa”, foi decidida pela Audiência Nacional, tribunal superior espanhol especializado nesse tipo de caso, e deverá agora ser formalmente aprovada pelo governo do país europeu. Tacla Duran tem cidadania espanhola.

Em abril de 2016, depois que a Lava Jato descobriu o setor de propinas da empreiteira, o advogado fugiu aos Estados Unidos e depois foi à Espanha. Alvo de um mandado de prisão preventiva na 36ª fase da Lava Jato, batizada de Dragão, deflagrada em novembro do ano passado, ele acabou detido pouco tempo depois em um hotel de Madri.

O advogado foi citado na delação de Vinicius Veiga Borin – executivo dos bancos Antigua Overseas Bank (AOB) e Mein Bank – como um dos responsáveis por criar e operar offshores da Odebrecht. De acordo com Borin, Rodrigo Tacla Duran era responsável por um grupo de offshores utilizadas para operacionalizar os pagamentos efetuados pelo departamento de propinas da empreiteira.

A decisão da justiça espanhola afirma que ele atuou como mediador no pagamento de subornos a diretores da Petrobras e na lavagem do dinheiro. O documento aponta que ele teria lavado “mais de 35 milhões de reais em espécie” para a UTC Engenharia.

Conforme as investigações da Lava Jato, Rodrigo Tacla Duran também recebeu valores milionários das construtoras Mendes Júnior e EIT, investigadas na Lava Jato. Segundo o Ministério Público Federal, a Mendes Júnior pagou 25 milhões de reais ao escritório Tacla Duran Sociedade de Advogados entre 2011 e 2013 e a EIT, outros 2 milhões de reais.

Ao aceitar denúncia do MPF contra o operador, no último dia 29 de maio, o juiz federal Sergio Moro afirmou que “Rodrigo Tacla Duran seria um profissional da lavagem de dinheiro, envolvido em diversos esquemas criminosos. Teria recebido, nas contas de suas empresas e ainda em contas secretas no exterior, valores de empreiteiras envolvidas na assim denominada Operação Lavajato, UTC e Odebrecht, havendo confissão de outros envolvidos de que tais transferências eram ilícitas e visavam gerar disponibilidades em espécie para pagamento de vantagem indevida a agentes públicos”.

As investigações sobre Tacla Duran tem também ramificações no Equador. Graças a um depoimento do operador, o ex-ministro Alecksey Mosquera foi preso preventivamente em abril por 90 dias por ter supostamente recebido um suborno de 920.000 dólares da Odebrecht.

(com AFP)
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