terça-feira, 13 de maio de 2014

Polícia indicia pai, madrasta e amiga por morte de Bernardo Boldrini no RS

Pai e madrasta são apontados como mentores do crime de homicídio.
Menino de 11 anos foi encontrado morto em Frederico Westphalen, RS.

Entrevista coletiva ocorre em Três Passos e apresenta inquérito do Caso Bernardo (Foto: Estêvão Pires/G1)

Os três suspeitos da morte do menino Bernardo Boldrini, o pai Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini e a assistente social Edelvânia Wirganovicz, foram indiciados por homicídio qualificado na tarde desta terça-feira (13). Já Evandro Wirganovicz, irmão da assistente social, cujo carro foi visto próximo ao local onde o corpo foi enterrado um dia antes do assassinato, não foi apontado pela polícia como autor do crime. Conforme a polícia, seguem as investigações para esclarecimento da sua participação. Siga ao vivo a coletiva.

De acordo com a polícia, Leandro Boldrini atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ele também auxiliou na compra do remédio Midazolan em comprimidos, fornecendo a receita azul. Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune.

Release Caso Bernardo aponta indiciamentos de cada suspeito (Foto: Estêvão Pires/G1)

A principal prova da polícia é o auto da necropsia, a análise toxicológica, que comprova a presença do medicamento Midazolan no corpo do menino. Já as provas documentais, segundo a polícia, comprovam a aquisição de notas fiscais e receituais do remédio, da soda cáustica, além do testemunho da compra das ferramentas. Ao todo, foram colhidos mais de 100 depoimentos, sendo que, conforme a polícia, informa a desarmonia familiar e o descaso do pai e da madrasta com Bernardo.

Além disso, o inquérito apresenta interceptações telefônicas indicando acerto entre os autores para que Leandro fosse inocentado, já após a prisão. Outra prova destacada pela polícia é a gravação de um vídeo que captou imagens das autoras com a vítima no dia do fato. As imagens mostram o retorno delas de Frederico Westphalen, sem Bernardo, e na sequência o descarte de objetos relacionados ao crime.

A polícia divulgou que, entre as qualificadoras do homicídio, está o fato de que Edelvânia recebeu dinheiro para colaborar na empreitada criminosa, bem como teria ajuda financeira para quitar as parcelas do seu apartamento. Outra qualificadora, segundo a polícia, é que a motivação que desencadeou a ação criminosa foi a desarmonia de relacionamento familiar estabelecida, ou seja, o fato de Bernardo "atrapalhar" a vida do casal Leandro e Graciele.

Além disso, a dissimulação impossibilitou a defesa da vítima, já que, para convencer Bernardo a acompanhar Graciele, o casal informou que ele buscaria um aquário, com o qual estava muito empolgado. Também consta como qualificadora o meio utilizado para cometer o homicídio, com a aplicação de uma injeção letal, sendo dito para a vítima que era para se 'benzer'.

Através de uma coletiva de imprensa em Três Passos, Região Noroeste do Rio Grande do Sul, Caroline Bamberg Machado, delegada titular do inquérito, Cristiane de Moura e Silva Bauss, delegada regional de Três Passos, Guilherme Wondracek, Chefe de Polícia do estado, Mário Wagner, diretor do departamento de polícia do interior, e Marion Volino, delegado da região, apresentaram a conclusão do inquérito que investiga o assassinato. O documento foi finalizado com 11 volumes e mais de duas mil páginas, e levado por agentes da Polícia Civil do município ao Fórum durante a manhã.

Leandro Boldrini, Graciele Ugulini e Edelvania Wirganovicz foram presos na noite de 14 de abril, quando o corpo foi encontrado em uma cova em Frederico Westphalen, no norte do estado, a 80 km de Três Passos. Já a prisão de Evandro Wirganovicz ocorreu no último sábado (10), sendo o último fato novo após a investigação. O carro dele foi visto próximo ao local onde o corpo foi enterrado um dia antes do assassinato.

Entrevista coletiva ocorreu em Três Passos, RS (Foto: Estêvão Pires/G1)

Além dos documentos, foi entregue também à Justiça a bicicleta de Bernardo e uma caixa com pertences, entre eles uma faca. Durante as investigações, houve suspeita de que o menino estava com o objeto quando desapareceu, no entanto a bicicleta foi encontrada na escola. Com o inquérito em mãos, a Justiça deve dar vistas para o Ministério Público (MP) receber a documentação e, posteriormente, definir se vai oferecer denúncia contra os indiciados.

Através da assessoria de imprensa, o MP informou que o órgão deve oferecer denúncias contra os indiciados até sexta-feira (16), antes do prazo legal estabelecido de cinco dias. Na ocasião, a promotora Dinamárcia Maciel vai detalhar o caso em uma entrevista coletiva. O acompanhamento direto da promotora junto à Polícia Civil agilizou os procedimentos da investigação.

Indiciamentos
O pai, a madrasta e a assistente social foram indiciados pelos crimes de homicídio qualificado, com os qualificadores "mediante paga ou promessa de recompensa, motivo fútil, meio insidioso, dissimulação e recurso que impossibilitou a defesa da vítima", conforme a polícia, e ocultação de cadáver.

Leandro Boldrini: atuou no crime de homicídio e ocultação de cadáver como mentor, juntamente com Graciele. Ele também auxiliou na compra do remédio Midazolan em comprimidos, fornecendo a receita azul. Leandro e Graciele arquitetaram o plano, assim como a história para que tal crime ficasse impune.
Graciele Ugulini: mentora e executadora do delito de homicídio, bem como da ocultação do cadáver.

Edelvânia Wirganovicz: executora do delito de homicídio e da ocultação do cadáver.
Contradições reafirmam versão de que casal planejou crime, diz polícia
O menino Bernardo Boldrini foi registrado como desaparecido na polícia de Três Passos no domingo, 6 de abril. Segundo a delegada Cristiane de Moura da Silva Bauss, depois de receber o registro do desaparecimento de Bernardo, chamou a atenção da polícia a ida de Graciele para Frederico Westphalen, além de algumas contradições sobre a visita à cidade, colhidas durante os três depoimentos dos, então, suspeitos.

Durante o depoimento, Graciele contou que deu medicamentos a Bernanrdo. "Ela [Graciele] teria dito que havia dado um comprimidinho para que ele [Bernardo] não passasse mal no caminho e que lá [em Frederico Westphalen], eles iriam para uma benzedeira onde ele ia levar um 'piquezinho'", contou a delegada Cristiane, durante a coletiva.

Nas investigações, uma amiga de Graciele afirmou à polícia que a enfermeira confirmou que Leandro e ela queriam matar o menino. Segundo o delegado Volino, a mulher teria começado a planejar o assassinato. "Durante as buscas pelo menino, eles [Leandro e Graciele] tentaram passar uma impressão de harmonia entre o casal e que Bernardo era bem tratado em casa", apontou Volino.
Para a delegada Caroline, o casal nunca se mostrou preocupado com o desaparecimento. "Desde o início, Leandro se mostrava sereno e, em todos os momentos, demonstrava estar tranquilo quanto ao desaparecimento de Bernardo. Era essa a impressão que ele nos passava. O casal parecia até satisfeito com o sumiço do menino", salientou a delegada Caroline.

Bernardo Boldrini morava em Três Passo, no RS (Foto: Reprodução/RBSTV)

Entenda
Conforme alegou a família, Bernardo teria sido visto pela última vez às 18h do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4, a madrasta foi multada por excesso de velocidade. A infração foi registrada na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. Graciele trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.

"O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada", relatou o sargento Carlos Vanderlei da Veiga, do CRBM. A madrasta informou que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor.

O pai registrou o desaparecimento do menino no dia 6, e a polícia começou a investigar o caso. Na segunda-feira (14), o corpo do garoto foi localizado. De acordo com a delegada responsável pela investigação, o menino foi morto por uma injeção letal, o que ainda precisa ser confirmado por perícia. A delegada diz que a polícia tem certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher no sumiço do menino, mas resta esclarecer como se deu a participação de cada um.

fonte:http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/caso-bernardo-boldrini/noticia/2014/05/pai-e-madrasta-de-bernardo-e-amiga-sao-indiciados-por-homicidio-qualificado.html
Estevão Pires - Do G1 RS, em Três Passos
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