segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Qual Lula será lembrado ao fim da Lava Jato


Aparentemente, o noticiário da semana descobriu, numa cajadada tripla, o Fiat Elba, a reforma da Dinda e até o motorista Eriberto na vida do ex-presidente Lula.

Nem tanto ao mar nem tanto à terra. No começo dos anos 1990, com o país mergulhado na crise e um governo sem apoio no Congresso, o uso de recursos de origem suspeita para a compra de um automóvel, a decoração da residência da família e os relatos sobre contas pessoais pagas por um acusado de corrupção levaram à queda de Fernando Collor de Mello em meio a uma onda de insatisfação popular.

A diferença quase básica do caráter circular da história é que o alvo, dessa vez, não é mais presidente, mas o fiador de uma administração acuada pela perda de apoio popular e parlamentar, a crise econômica e escândalos na Petrobras.

Lula deixou a Presidência no auge da popularidade e elegeu sua sucessora, Dilma Rousseff, em 2010. Desde então não teve um dia em que não figurou no título de ao menos um abre de página dos grandes jornais.

Seus defensores veem nesta superexposição uma espécie de perseguição ao ex-presidente e uma tentativa de manchar sua biografia e inviabilizar sua candidatura para 2018.

Neste esforço, potencializado pela Operação Triplo X da Lava Jato, a imagem do ex-metalúrgico que virou presidente, criou um sofisticado programa de distribuição de renda e ajudou a tirar 20 milhões de pessoas da pobreza daria lugar à do sujeito que, segundo os inimigos, traiu as origens, aproximou-se de empresários beneficiados por financiamento público (legais) e empreendimentos superfaturados (ilegais) em troca de pequenos favores, como a reforma de um sítio usado por Lula e um apartamento triplex da família. (Sobre este episódio o Ministério Público acaba de convocar o casal Lula e Marisa Letícia para prestar depoimento).

A atenção dedicada às atividades do ex-presidente em sua vida particular requer, porém, algumas considerações. A mesma Odebrecht, suspeita de pagar o suposto mimo, dedicou a outro ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, cerca de R$ 1 milhão em doações ao seu instituto, mas não mobilizou equipes de profissionais para fiscalizar a execução da gentileza.

No caso de Lula, a narrativa é repleta de superlativos, lupas e relatos pitorescos – a fonte de informação sobre a reforma do sítio em Atibaia registrado no nome de seu filho e avaliada em R$ 500 mil é a vendedora da lojinha da cidade onde a maior empreiteira do país teria feito compras de materiais de construção para a obra.

Há relatos sobre malas de dinheiro vivo e carteiradas do engenheiro da obra em nome da megaconstrutora. A história, de longe, parece sem pé nem cabeça, mas se Lula aceitou, como suspeitam as autoridades, favores de empreiteiras interessadas em sua influência, caso da OAS, suspeita de bancar outra reforma, em um apartamento de sua família no Guarujá, o campo confuso entre o lobby e o papel de agente público o leva a um compreensível julgamento popular que não tem consequências, apenas, no verbete sobre o ex-presidente na Wikipedia ou nos livros de História.

O gerente da Odebrecht que admitiu ter prestado serviços no sítio é considerado o homem-forte das obras no estádio do Corinthians, que contou com a ajuda do ex-presidente para sair do papel, em Itaquera. Não era, portanto, qualquer um. Ele diz que prestou o serviço nas férias e não exigiu remuneração. O que falta saber é o óbvio: a empreiteira de fato pagou as despesas da obra? Se sim, o que o engenheiro citado, ou seu chefe, o dono da empreiteira, Marcelo Odebrecht, preso há sete meses, ganhou com isso? O “investimento”, se houve, foi pago de que forma?

fonte:https://br.noticias.yahoo.com/qual-lula-sera-lembrado-ao-fim-da-lava-jato-172648575.html
por:Matheus Pichonelli
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