As autoridades mexicanas confirmaram o desaparecimento da embarcação de Jose Alvarenga, o pescador que esteve 14 meses à deriva no Pacífico, desde novembro de 2012. Sobrevivente deve ter alta do hospital esta terça-feira.
foto HILARY HOSIA / AFP
Confirmada história de pescador 14 meses à deriva no mar. Jose Alvarenga foi encontrado, quinta-feira, nas Ilhas Marshall
Após ter sido resgatado, nas Ilhas Marshall, Jose Alvarenga explicou que tinha zarpado de uma vila piscatória da Costa Azul, no estado de Chiapas, no México, em dezembro de 2012, com um outro pescador, chamado Ezequiel. Foram arrastados para alto mar por uma tempestade.
Segundo Alvarenga, Ezequiel morreu um mês depois, enquanto ele sobreviveu comendo peixe, pássaros e tartarugas, e bebendo sangue de tartaruga e água da chuva.
Os serviços de resgate e salvamento de Chiapas confirmaram ao jornal inglês "The Guardian" que um barco com dois pescadores foi dado como desaparecido da Costa Azul, dois dias após zarpar, a 17 de novembro de 2012.
Jaime Marroquín, o oficial que liderou a busca, disse que estava muito mau tempo e que é perfeitamente possível que o barco tenha sido empurrado para o oceano. "Havia muito vento", disse. "Fizemos uma busca intensa, mas fomos obrigados a parar, após dois dias, por falta de visibilidade".
No relatório do desaparecimento constam dois nomes, Cirilo Vargas e Ezequiel Córdova, ambos de 38 anos. A idade de Ezequiel não coincide com a que Alvarenga disse quando foi resgatado.
Segundo ainda Jaime Marroquín, Vargas seria de El Salvador e não tinha familiares a acompanharem as operações de busca, enquanto o pai de Ezequiel esteve presente durante a operação.
Marroquín explicou, ainda, que é comum naquela região os pescadores saírem em pequenos barcos, por um ou dois dias, para a pesca do camarão e do tubarão. Pescam em barcos muito pequenos, razão pela qual não levam qualquer equipamento de navegação.
Os pescadores locais contaram que Alvarenga há anos que vivia e trabalhava naquela vila e que se tinha perdido no mar em meados de novembro. Nas Ilhas Marshall, Alvarenga disse que viveu 15 anos no México, mas que era natural de uma cidade costeira de El Salvador, chamada Garita Palmera, perto da Guatemala.
Os jornais de São Salvador localizaram os pais de Alvarenga, que contaram que o filho se mudou para Chiapas, no México, porque queria trabalhar na pesca ao tubarão. A família perdeu contacto com ele há oito anos, desde que Alvarenga deixou de os visitar. "Achámos que devia estar morto", disse Maria Julia Alvarenga. "Não consigo encontrar palavras para dizer o que sinto, como mãe, saber que ele foi encontrado".
A filha adolescente de Alvarenga disse que estava ansiosa por estar novamente com o pai.
O ministro dos negócios estrangeiro de El Salvador explicou, em comunicado, que coordenaram com as autoridades mexicanos no sentido do sobrevivente viajar primeiro para o México e, depois, para El Salvador.
Jose Alvarenga deverá ter alta hospitalar, entre terça e quarta-feira. "Além dos tornozelos inchados, a sua condição geral é boa", confirmou Anjane Kattil, do ministério dos Negócios Estrangeiros das Ilhas Marshall. "De acordo com os médicos, o sistema imunitário está fraco, mas não tão fraco como estavam à espera".
A ideia de alguém conseguir sobreviver apenas com os tornozelos inchados como sequela, num barco tão pequeno, sem qualquer proteção, com uma dieta tão restrita tem intrigado os pescadores mexicanos. "É incrível sobreviver tanto tempo", disse o dono do barco, Cesar Castillo. "Há aqui um caso de um pescador que sobreviveu 27 dias antes de ser resgatado por um barco japonês, mas é difícil acreditar que alguém consiga aguentar mais do que seis, sete meses sem apanhar, pelo menos, escorbuto".
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