quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

PF prende 27 suspeitos por desvio de R$ 7,4 milhões da UFPR

Entre os beneficiados por bolsas ilegais estão um dono de salão de beleza, um motorista e um cozinheiro que não possuem nenhuma relação com a universidade

Policiais federais e agentes da Controladoria-Geral da União participam de operação na UFPR (PF/Divulgação)

A Polícia Federal (PF), em ação conjunta com a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU), deflagrou na manhã desta quarta-feira a Operação Research (pesquisa, em inglês) com o objetivo de apurar o desvio de 7,5 milhões de reais em dinheiro público destinado à Universidade Federal do Paraná (UFPR) por meio do repasse irregular de recursos mediante pagamentos de bolsas a inúmeras pessoas sem vínculos com a instituição entre 2013 e 2016.

Cerca de 180 policiais federais saíram às ruas para cumprir 73 ordens judiciais sendo 29 mandados de prisão temporária – 27 foram cumpridos -, oito conduções coercitivas (quando a pessoa é levada para depor) e 36 mandados de busca e apreensão nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. Os mandados foram expedidos pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva, titular da 14ª Vara Federal de Curitiba. Os envolvidos serão indiciados pelos crimes de peculato e associação criminosa.

Segundo a PF, ao longo das investigações, foram reunidos indícios concretos da realização de fraudes em pagamentos a título de auxílio a pesquisadores, bolsas de estudo no Brasil e no exterior a pessoas que não eram professor, servidor ou aluno da UFPR, inclusive beneficiários do Bolsa Família e de outros programas sociais do governo.

Foi detectada a participação de ao menos dois funcionários públicos federais nas fraudes – ambos foram presos. Entre os beneficiários dos desvios estão um dono de salão de beleza, um motorista, um cozinheiro e uma assistente administrativa que, segundo a PF, não possuem curso superior. Os valores das bolsas fraudadas chegaram a 24 mil reais ao mês. Um aluno pesquisador da universidade chega a receber 5 mil reais de auxílio.

A UFPR tem entre seus docentes o juiz federal Sergio Moro, que leciona direito penal e processual penal na instituição desde 2007. Atualmente, Moro está licenciado devido à Operação Lava Jato.

Os mandados estão sendo cumpridos em Curitiba, Almirante Tamandaré, São José dos Pinhais, Antonina, Francisco Beltrão e Ponta Grossa, no Paraná; Rio de Janeiro; e Campo Grande e Maracaju, no Mato Grosso do Sul.

Por meio de nota, a UFPR afirma que uma sindicância interna foi aberta em dezembro de 2016, quando a própria universidade tomou a iniciativa de encaminhar o caso à PF para investigação criminal, e reiterou seu compromisso com transparência e ética. “A gestão do reitor Ricardo Marcelo Fonseca reafirma seu compromisso com a transparência e a ética. Reforça ainda que condena veementemente qualquer prática ilícita e que continuará colaborando com as investigações, tanto no âmbito do Tribunal de Contas da União quanto da Polícia Federal”, afirma a nota.

Por Rafaela Lara
Este site não produz e não tem fins lucrativos sobre qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como mecanismo automático que "ecoa" notícias já existentes. Não nos responsabilizamos por qualquer texto aqui veiculado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário