quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Temer confirma interesse em ter Velloso como ministro da Justiça

Ex-ministro do STF ganha força para assumir pasta que ficará vaga após saída de Moraes; presidente diz que escolha será 'pessoal e sem conotações políticas'

O presidente Michel Temer (PMDB), em evento no Palácio do Planalto (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Alvo de críticas por ter colocado no primeiro escalão do governo pessoas citadas na Operação Lava Jato e aliados políticos para conseguir maioria no Congresso, o presidente da República, Michel Temer, decidiu mostrar que não adotará a mesma prática na escolha do novo ministro da Justiça, que substituirá Alexandre de Moraes, indicado por ele para ocupar a cadeira de Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em sua conta no Twitter, Temer disse que cogita nomear o ex-ministro do STF e advogado Carlos Velloso para ministro e que a escolha será “pessoal e sem conotações políticas”. “Estive com Carlos Velloso ontem. Conversamos privadamente por mais de 1h. Meu amigo há mais de 35 anos. Marcamos esse encontro diretamente. Continuaremos a conversar nos próximos dias. A escolha do novo ministro da Justiça será minha, pessoal, sem conotações partidárias”, postou o presidente nesta quarta-feira.

Nos últimos dias, o presidente tem sofrido desgaste perante a opinião pública por uma série de decisões de seu governo que foram interpretadas como uma tentativa de abafar a Lava Jato. Inicialmente, foram cotados para o ministério da Justiça, ao qual está subordinada a Polícia Federal, o criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e o deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) — ambos com restrições à operação que investiga o esquema de corrupção na Petrobrás.

A possibilidade de o governo tentar sufocar a Lava Jato foi um dos motivos que levaram movimentos que pediram o impeachment de Dilma Rousseff, como Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL), a convocarem para o dia 26 de março um protesto para defender a operação.

Pegou mal também para Temer a recriação de um ministério, extinto por Dilma, para abrigar o seu braço-direito Moreira Franco, que foi citado mais de 30 vezes na delação do ex-diretor da Odebrecht Claudio Melo Filho. A medida garantiu a Moreira foro privilegiado, o que foi entendido por juízes da primeira instância como “desvio de finalidade”. O ministro Celso de Mello, decano do STF, no entanto, colocou ontem um ponto final na questão, decidindo mantê-lo no posto.

A postagem de Temer também ocorre um dia depois de vir à tona um áudio em que o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, explica com todas as letras como o governo monta o ministério pensando no número de votos no Congresso.

“A Saúde é de vocês, mas gostaríamos de ter um notável”, diz Padilha, referindo-se a uma conversa que teve com lideranças do PP. “Diz para o presidente que nosso notável é o deputado Ricardo Barros (PP-PR)”, teria respondido a sigla, segundo Padilha, que completa: “Vocês garantem todos os votos do partido nas votações? ‘Garantimos’. Então o Ricardo será o notável”. Na época em que Temer assumiu a presidência, falava-se que ele iria montar uma equipe de “notáveis”.

Este site não produz e não tem fins lucrativos sobre qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como mecanismo automático que "ecoa" notícias já existentes. Não nos responsabilizamos por qualquer texto aqui veiculado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário