sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Motorista ficou quase 5 minutos ao celular antes de batida no Rio

Declaração foi dada na 44ª DP ao delegado responsável pelo caso.
Na terça-feira, acidente na Linha Amarela deixou 5 mortos e 4 feridos.

Táxi foi atingido em cheio pela passarela e acabou esmagado (Foto: Felipe Dana/AP)

Em depoimento na 44ª DP (Inhaúma) na tarde desta quinta-feira (30), a testemunha que falava ao telefone com o motorista que derrubou uma passarela da Linha Amarela deixando cinco mortos e quatro feridos disse que repreendeu Luis Fernando Costa por ele estar trafegando na via fora do horário estabelecido. As informações são do delegado Fábio Asty, que investiga o caso, que acrescentou que o motorista ficou quase 5 minutos ao celular antes da colisão.

"O motorista que falava com ele ao telefone sabia que ele estava dirigindo e o repreendeu dizendo "você sabe que não pode andar por aí". Eles ficaram em comunicação por 4 minutos e 42 segundos. O motorista estava falando no celular assuntos particulares, sobre o filho que desapareceu, e a comunicação só foi interrompida após a colisão", disse o delegado.

De acordo com Fábio Asty, tudo leva a crer que houve algum problema mecânico ainda não identificado. Mas que a comprovação só virá a partir de uma análise técnica pericial. O delegadi disse ainda que a carteira de habilitação de Luís Fernando estava válida até 2018 e que ele é habilitado a dirigir caminhões desde 2006.

"A empresa não tinha conhecimento nem autoriza que eles usem esse tipo de caminho pela Linha Amarela. O chefe de mecânica da empresa disse que, pela experiência deles, dificilmente essa caçamba poderia ser levantada com o carro em movimento. Causaria uma pane mecânica muito intensa e o carro pararia na hora. Seria como se o carro estivesse a 120 km/h e o motorista engatasse a marcha a ré ou a primeira marcha" revelou.

Engenheiro afirma que 'amarração' em passarela evitaria queda
O engenheiro de segurança e mecânico e consultor do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (CREA-RJ), Jaques Sherique, afirmou ao G1 na manhã desta quinta-feira (30) que a passarela que caiu após ser atingida por uma carreta na Linha Amarela na terça-feira (28) “estava apenas apoiada sobre os pilares”. Na avaliação do especialista, que esteve no local do acidente, se a travessia estivesse fixada, não cairia. Cinco pessoas morreram e quatro ficaram feridas após a queda da estrutura atingir três veículos e uma moto.

“Na engenharia de segurança, você tem que considerar os possíveis riscos e um dos riscos era esse abalroamento [colisão], que foi o aconteceu com o caminhão basculante, utilizando a caçamba levantada. É previsível, parece que de ontem [quarta-feira] para hoje mais de 100 caminhões foram flagrados transitando pela via. No cálculo da engenharia de segurança, a previsão de risco leva em consideração a gravidade dos veículos que transitam ali. Tem que fazer os estudos de amarração das passarelas e viadutos, levando em consideração eventuais colisões, mesmo por erro do motorista ou qualquer outro”, afirmou Sherique.

O G1 entrou em contato com a Lamsa solicitando um posicionamento a respeito da afirmação do engenheiro e às 14h22 a concessionária informou que são feitas vistorias trimestrais nas passarelas da via e que a última vistoria foi realizada em dezembro de 2013, sem que fosse constatada nenhuma avaria.

Fixação evitaria mortes
De acordo com o engenheiro, a fixação correta da passarela evitaria a queda da estrutura e, consequentemente, as mortes provocadas pelo acidente. “Se ela tivesse fixada e fosse suficiente o cálculo de fixação e colisão, ela não cairia, ela não caindo, não teríamos a gravidade do acidente que tivemos. A caçamba estava levantada podia atingir os outros carros, mas todos os que sofreram lesões por conta da queda podiam não ter sofrido lesões. O acidente foi causado pelo caminhão, mas poderia ter sido minimizado o número de óbitos e até mesmo o período que a via ficou interrompida. Se fosse só o caminhão, em uma hora a via já teria sido liberada”, afirmou Sherique.

Ainda de acordo com o engenheiro, durante a vistoria que foi realizada pelo CREA-RJ para apurar se houve responsabilidade dos profissionais, foi constatado que não houve dano nos pilares de sustentação do vão da passarela e que a mesma estava apoiada sobre estes pilares, considerando sua massa e peso.

“O projeto deve ter considerado apenas que o peso seria suficiente para conter a passarela. No caso de uma colisão frontal, a gente fez estimativas que o caminhão atingiu cerca de 100 toneladas e a passarela também teria 100 toneladas. Se fosse um caminhão menor, ela não se moveria nos pilares. Mas como era um caminhão grande e estava numa velocidade boa, a força do caminhão foi suficiente para mover a passarela, que não estava amarrada ao pilar. Ela resistiu um pouco porque arrancou a caçamba do caminhão. Se resistisse um pouco mais, ela não cairia. Provavelmente não teria vítima nenhuma. A caçamba não atingiu ninguém”, acrescentou.

Outras passarelas
Sherique afirmou ainda que no trajeto que realizou para a vistoria, da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, até o local do acidente, na altura de Pilares, Subúrbio, ele observou outras duas passarelas com características semelhantes. Ele acrescentou também que uma delas, no sentido Centro, estava amarrada.
“Tinha braços laterais de concreto segurando a passarela. Ou seja, o pilar em vez de ser um T, era como se fosse um garfo com dois dentes na ponta e a passarela encaixava nos dois dentes. Então, ela tinha apoio e resistência nas laterais em caso de alguma movimentação transversal”, explicou.

Peso seria suficiente
O consultor do CREA-RJ adicionou também que a engenharia civil entende que o peso da passarela é suficiente para conter a estrutura local.
“Mas você observa que em alguns locais da Linha Amarela você tem amarrações segurando o seguimento, esse por acaso não estava. Nossos comentários têm sido sempre para que se faça uma vistoria nas passarelas que apresentam essas características e em outras vias para se identificar situações como essa. Existe sempre a possibilidade de outro caminhão estar com a caçamba levantada”, concluiu.

fonte:http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2014/01/motorista-de-cacamba-foi-repreendido-por-quem-falava-com-ele-ao-celular.html
Lívia Torres - Do G1 Rio
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