domingo, 25 de outubro de 2015

Cunha movimentou milhares de dólares na Suíça em ações

Perfil de peemedebista aparece como “agressivo”; dinheiro no exterior pagou curso de inglês de enteada

A-G7U2PInvestimento. Eduardo Cunha lucrou US$ 413 mil com ações da Petrobras em apenas quatro meses

Brasília. As contas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Suíça não eram apenas para ocultar dinheiro, mas para tentar lucrar ainda mais. Extratos das movimentações financeiras mostram diversas operações de compra e venda de ações. Na análise de perfil feita pelo banco Merrill Lynch, ele é descrito como “investidor agressivo”.

As ações de empresas brasileiras estão entre as que mais passaram pela carteira de investimentos. Cunha comprou e vendeu títulos de Petrobras, Vale, Cemig, Eletrobras e OGX Petróleo. Lucrou muito, mas também registrou perdas. No caso da Petrobras, conseguiu realizar bons negócios em 2009. Há o registro da compra de 40 mil ações da estatal por US$ 1 milhão, entre janeiro e abril daquele ano. Entre abril e maio, Cunha vendeu as mesmas 40 mil ações e teve lucro de US$ 413 mil.

Mas a Petrobras também deu decepções ao deputado. Quando a conta Netherton foi bloqueada, em abril deste ano, Cunha tinha 50 mil ações da estatal no valor total de US$ 439,5 mil. O problema é que o extrato informa que Cunha tinha pago US$ 1,1 milhão por esse lote. Ou seja, as perdas passavam de US$ 650 mil. A outra conta bloqueada, a Kopek – que tem a mulher de Cunha, Cláudia Cruz, como beneficiária – também tinha o registro de perdas de mais US$ 34 mil.

Cunha fazia seu dinheiro flutuar em diferentes ativos. Em maio de 2009, no mesmo dia em que vendeu US$ 700 mil em ações da Petrobras, comprou US$ 790 mil em ações da Vale. Na semana seguinte, comprou mais US$ 184 mil em ações da mineradora. Cinco meses depois, vendeu todas essas ações por US$ 1,235 milhão: lucro de US$ 260 mil.

Curso. Uma das contas secretas atribuídas a Cunha na Suíça foi usada para bancar despesas de uma enteada do peemedebista, Ghabriela Amorim, filha de Cláudia. Conforme demonstrativos enviados à força-tarefa da Lava Jato, US$ 52,4 mil foram transferidos da conta Kopec, no banco Julius Baer, para uma conta atribuída a Ghabriela no banco inglês Lloyds TSB. Os repasses foram feitos entre 29 de agosto de 2008 e 7 de abril de 2009, quando ela estudou na Malvern School, escola de inglês no interior da Inglaterra.

Advogado. Cunha afirmou a aliados que pretende fazer uma defesa separada da de sua mulher e já esboça uma tese para justificar os gastos de Cláudia no exterior.

Segundo relatos de deputados, Cunha comentou que não havia a necessidade de Cláudia declarar o dinheiro que movimentou na Suíça, pois só há obrigação de declaração dirigida ao Banco Central a partir de um valor mínimo, hoje de US$ 100 mil. Segundo ele, nunca houve um aporte único superior a esse piso.

Gabinete blindado
Transferência. Correndo o risco de responder a processo de cassação no Conselho de Ética, Eduardo Cunha quer transferir o gabinete da presidência da Câmara para um lugar de onde ele possa ter acesso direto ao plenário, sem passar pelo Salão Verde, onde imprensa e manifestantes podem interpelá-lo.

Planos. Cunha ordenou uma alteração no projeto original do arquiteto Oscar Niemeyer, o que também fará o gabinete dobrar de tamanho. A reunião de líderes também será transferida para que os deputados possam seguir direto para o plenário. No projeto que está sendo estudado, a imprensa perderá acesso direto ao plenário da Câmara, hoje existente através de uma passagem pelo Comitê de Imprensa, que será fechada.

Um terço é alvo de inquérito no STF
Brasília. Levantamento do “Estado de São Paulo” mostra que sete dos 21 deputados do Conselho de Ética da Câmara são alvo de ações no Supremo Tribunal Federal (STF). Entre eles, três já foram formalmente denunciados e respondem como réus a ações penais no tribunal. 

Os procedimentos podem influir na definição de um nome para relatar eventual processo de cassação do mandato do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O colegiado é quem vai analisar o pedido apresentado pelo PSOL e pela Rede por quebra de decoro parlamentar por mentir sobre contas na Suíça.
Dos integrantes do colegiado que vai julgar Cunha, Fausto Pinato (PRB-SP) é acusado por falso testemunho contra um suposto inimigo do pai dele num processo que subiu para o STF depois que ele foi eleito. Wladmir Costa (SD-PA) é réu por nomear funcionários fantasmas na Câmara (contra ele há mais dois inquéritos em curso por difamação). Já Washington Reis (PMDB-RJ) é acusado de crime ambiental.
Todos negam as acusações. Reis é um dos principais aliados de Cunha no conselho. Recai justamente sobre ele o maior número de procedimentos no STF: seis no total, incluindo lavagem de dinheiro.

Maluf não se compara ao peemedebista
Brasília. Para o deputado federal Paulo Maluf (PP), ex-prefeito de São Paulo, não há como fazer comparações entre ele e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Questionado se Cunha segue à risca a sua estratégia nos casos em que foi denunciado pelo Ministério Público (MP), Maluf respondeu: “Você viu algum documento meu? Cartão de crédito? Viu cheque? Algum extrato? Como ele está seguindo à risca?”.

A comparação foi feita pelo promotor Silvio Marques, responsável pelas investigações sobre contas do ex-prefeito em paraísos fiscais. Para Marques, os dois adotam a mesma estratégia de negar todas as denúncias, mesmo sendo confrontados com uma coleção de provas.

Investigações do MP já resultaram em decisões judiciais determinando a repatriação de US$ 78 milhões (R$ 312 milhões). “O Cunha está seguindo os passos do Maluf. Não tenho dúvida disso”, disse o promotor.

“A um passo de virar réu”, avalia FHC
Brasília. Em entrevista ao jornal “O Globo”, o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso afirmou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de denúncia na Lava Jato, está “a um passo de virar réu”.

“É uma situação embaraçosa. Ele ainda é o presidente da Câmara e muitas decisões passam por ele. Eu acho que (o PSDB) deve pedir o afastamento dele. Se você tiver uma pessoa sobre a qual pesem menos dúvidas no exercício da Câmara, você tem mais jogo político a fazer e um processo mais legítimo. Ele (Cunha) está a um passo de virar réu”, disse.

fonte:otempo.com.br
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