terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Avião da LaMia tinha combustível limitado e excesso de peso

Segundo relatório da Aeronáutica da Colômbia, "o peso real na decolagem era de 42.148 quilos - a capacidade máxima era de 41.800 quilos"

Avião da LaMia preparado para voo, em Santa Cruz de La Sierra

O avião da LaMia que transportava a delegação da Chapecoense e caiu perto de Medellín no fim de novembro, e matou 71 pessoas, viajava com combustível no limite e excesso de peso, revelou nesta segunda-feira a Aeronáutica Civil da Colômbia (Aerocivil) em seu relatório preliminar.

Segundo o secretário de Segurança Aérea da Aerocivil, coronel Fredy Bonilla, as gravações da cabine de comando do avião boliviano mostram que o piloto e o copiloto conversaram sobre a possibilidade de fazer uma escala em Leticia (Colômbia) ou em Bogotá “porque (a aeronave) estava no limite de combustível”, mas decidiram não fazê-lo.

“Eles estavam cientes de que o combustível que tinham não era o adequado nem era suficiente”, afirmou o secretário, que acrescentou que durante o voo o piloto Miguel Quiroga “decidiu ir a Bogotá, mas mais adiante mudou a decisão e foi direto a Rionegro“, onde fica o aeroporto José María Córdova, nos arredores de Medellín.

Sem autonomia
A maioria das gravações de áudio apresentadas nesta segunda em Bogotá foi extraída das caixas-pretas examinadas em Londres pelos fabricantes do avião, um RJ85, disse Bonilla. Segundo a investigação, no plano de voo apresentado pelo piloto no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), a autonomia da aeronave era de quatro horas e 22 minutos, exatamente igual ao tempo de voo, quando deveria ter combustível para um percurso maior.

“Deveria ter uma hora e 30 minutos a mais (de combustível) que o tempo de voo em forma padrão quanto a sua autonomia de voo”, declarou Bonilla. O avião precisava ter, além disso, um segundo aeroporto para alternativa de pouso em seu plano de voo, mas só registrou o de Bogotá, segundo a investigação.

O relatório revelou também que quando o piloto pediu à torre de controle do José María Córdova para que lhe permitisse aterrissar, apesar de ainda não estar na aproximação da pista, não informou sobre a gravidade de sua situação, nem que estavam desligados dois dos quatro motores. “Neste ponto tinham dois motores desligados, e a tripulação não fez nenhum relato de sua situação, que era crítica, e continuou reportando de forma normal” à torre de controle, explicou Bonilla.

Direções
Pouco depois, com um terceiro motor já desligado, pôde ser ouvido nos áudios a torre perguntando se precisava de algum serviço adicional em terra para uma possível emergência, e o piloto respondeu que não.

Quatro minutos antes do acidente, o quarto motor desligou e houve a falha elétrica total sobre a qual o piloto informou por um sistema primário, já que o restante tinha deixado de funcionar.

Em sua última conversa, o piloto pediu “direções” enquanto descia sem autorização para aterrissar. A torre perguntou então sua altitude e informou que ainda estava a 8,2 milhas (pouco mais de 13 quilômetros) da pista, mas o avião não respondeu e tudo ficou em silêncio devido ao impacto a 230 km/h.

Sobrepeso
O “esgotamento de combustível” é a principal de uma série de irregularidades cometidas no voo CP-2933 da LaMia, segundo a investigação, que revelou ainda que o avião tinha um peso maior do que o permitido e voava em uma altitude para a qual não estava autorizado. “A aeronave transportava um peso superior ao permitido por manuais, o que é outra descoberta que fizemos dentro da investigação”, contou o funcionário da Aerocivil. Segundo o relatório, “o peso real na decolagem era de 42.148 quilos, acima da capacidade máxima, de 41.800 quilos”.

Outra irregularidade encontrada foi a de que o avião supostamente não estava certificado para voar acima de 29.000 pés, e no plano de voo apresentado à Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares à Navegação Aérea da Bolívia (Aasana) atingiu 30.000 pés. “A Aasana aprovou o plano de voo apresentado a uma altitude de 30.000 pés, o que não era correto”, acrescentou Bonilla.

Segundo o diretor-geral da Aerocivil, Alfredo Bocanegra, o relatório apresentado hoje não tem como propósito “determinar a culpa ou responsabilidade, mas prevenir novos acidentes”, e a investigação definitiva será apresentada em poucos meses.

(Com EFE)
Este site não produz e não tem fins lucrativos sobre qualquer uma das informações nele publicadas, funcionando apenas como mecanismo automático que "ecoa" notícias já existentes. Não nos responsabilizamos por qualquer texto aqui veiculado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário