Corpo da artista está no IML de Araruama desde o dia 19 do mês passado. Instituto de Pesquisa da Polícia Civil está com falta de material
Loalwa Braz foi morta no dia 19 de janeiro - Divulgação
Rio - A falta de material no Instituto de Pesquisa e Perícia em Genética Forense da Polícia Civil do Rio de Janeiro tem dificultado a liberação de corpos que necessitam ser identificados por meio de exame de DNA para emissão de certidões de óbito. Entre os afetados pelo problema está a família da cantora Loalwa Braz Vieira, de 63 anos, que foi encontrada morta em 19 de janeiro. O corpo permanece no Instituto Médico Legal (IML) de Araruama, na Região dos Lagos, porque até agora não foi identificado. Ela morreu depois de ser agredida, e o corpo foi encontrado carbonizado dentro do carro.
O irmão da cantora, Walter Loalwa Vieira, informou que a liberação e a concessão do atestado de óbito não podem ocorrer sem um exame de DNA, que será feito no instituto, ainda sem previsão de data. “O departamento não tem reagente, não tem nitrogênio líquido e não tem material necessário para fazer o exame. Conversando com o pessoal do departamento, eles dizem, que, ultimamente, vêm trabalhando dessa forma, com grande dificuldade e pegando material emprestado com as universidades”, disse o irmão da cantora. Segundo Vieira, apesar de o corpo ter sido encontrado há 21 dias, somente quinta-feira passada o IML de Araruama encaminhou ao instituto uma amostra de material genético de Loalwa.
Vieira afirmou que o Instituto de Pesquisa e Perícia em Genética Forense já tem também o material genético do filho da cantora para fazer a comparação. “Está na mão deles, e eles não têm os insumos para fazer o exame. Dizem que o estado não está comprando. As últimas análises que fizeram foi com material emprestado. Disseram que tem uma empresa que fornece nitrogênio líquido e se comprometeram a comprar para fornecer para eles lá, mas sem data prevista”, completou.
Em nota, a Polícia Civil confirmou que, por causa de "restrições orçamentárias conjunturais", o nitrogênio usado nos laudos vinha sendo doado por universidades, que, neste momento, também enfrentam carência do produto. De acordo com a corporação, a empresa privada que aderiu ao projeto "Juntos com a Polícia" comprometeu-se a comprar nitrogênio para doação, mas ainda sem data prevista.
Vieira lemboua que não é somente o caso de Loawla que sofre com o atraso, mas espera que, como a morte da irmã ganhou ampla divulgação, possa chamar a atenção para o problema. “Outras pessoas estão passando pela mesma coisa. Se o caso da minha irmã puder agilizar a compra desse material, doação, ou o que seja, em quantidade suficiente para atender os vários casos que têm lá para identificação, acho que seria ótimo.”
Diante da impossibilidade de ter uma data precisa, o órgão deu um prazo padrão de 60 dias para concluir o exame e fazer a identificação do corpo para liberar o atestado de óbito. Até agora sem poder fazer o enterro, a famíliada cantora fez uma cerimônia particular simbólica. “A gente fez uma despedida simbólica, nos reunimos aqui, nos abraçamos, fizemos uma prece”, contou Vieira.
Sepultamento
A Polícia Civil acrescentou que tem se esforçado junto à Secretaria de Estado de Segurança e ao governo estadual para retomar as licitações para compra do insumo. O órgão destacou que essa situação, no entanto, não impede a realização de sepultamentos por familiares, na condição de não identificado e que o corpo da cantora “já está liberado para a família desde que esta providencie a certidão de óbito conforme orientação fornecida”.
“Eu nem cogitei da possibilidade de fazer um enterro sem a identificação. Primeiro, porque eu não posso transportar este corpo daqui para o Espírito Santo sem identificação. Eu quero levar a minha irmã para ela ficar junto com a minha mãe na mesma sepultura”, disse Vieira.
No mesmo dia em que o corpo da cantora foi localizado dentro do carro queimado, a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, em flagrante, os autores do crime. São eles Wallace de Paula Vieira, de 23 anos, Gabriel Ferreira dos Santos, de 21, e Lucas Silva de Lima, de 18.
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