sábado, 22 de outubro de 2016

Ex-prefeito de Campinas e Delúbio Soares viram réus na Lava Jato

Acusação do MPF denunciou seis envolvidos na lavagem de dinheiro do empréstimo fraudulento do Banco Schahin a José Carlos Bumlai em 2004

Hélio de Oliveira Santos durante debate entre candidatos à prefeitura de Campinas (SP) em setembro (Wagner Souza/Futura Press/Folhapress)

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato em Curitiba, aceitou nesta sexta-feira a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal contra o ex-prefeito de Campinas Hélio de Oliveira Santos, conhecido como Doutor Hélio (PDT), o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o empresário Natalino Bertin e outros três acusados pela força-tarefa da Lava Jato por lavagem de dinheiro. Os crimes teriam sido cometidos na distribuição a campanhas políticas de parte do empréstimo de 12 milhões de reais feito em 2004 pelo Banco Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai, que nunca foi pago e acabou compensado por um contrato bilionário da empreiteira Schahin com a Petrobras.

Ao receber a denúncia do MPF, o magistrado disse haver provas de que os seis acusados cometeram o crime. Na denúncia oferecida a Moro, os procuradores da Lava Jato descreveram, com base no rastreamento bancário dos denunciados, como se distribuiu metade do valor do empréstimo milionário.

A pedido do PT, segundo a denúncia, o frigorífico Bertin recebeu os valores do Banco Schahin e pagou 95.000 reais à King Graf, fornecedora da campanha do PT em Campinas em 2004, 3,9 milhões de reais à NDEC Núcleo de Desenvolvimento de Comunicação e à Omny Par Empreendimentos e Consultoria, prestadoras de serviços da campanha de Doutor Hélio naquele ano, e 150.000 reais ao escritório Castellar Modesto Guimarães Filho, para bancar a defesa do empresário e lobista Laerte de Arruda Corrêa Júnior, já falecido.

Além de Hélio, Delúbio e Bertin, também viraram réus os publicitários Armando Peralta Barbosa e Giovani Favieri, donos da NDEC e da Omny, e o ex-presidente do Banco Schahin Sandro Tordin. Segundo o Ministério Público Federal, Barbosa, Favieri, Tordin e o ex-tesoureiro do PT participaram de reuniões para discutir o empréstimo fraudulento a Bumlai, já condenado a nove anos e dez meses de prisão na Lava Jato.

Esta é a segunda ação penal aberta por Sergio Moro contra Delúbio Soares na Lava Jato por lavagem de dinheiro. Condenado a seis anos e oito meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, Delúbio é réu no processo que apura a distribuição dos outros seis milhões de reais do empréstimo do Schahin ao empresário Ronan Maria Pinto por meio de empresas do operador do mensalão, Marcos Valério.

Doutor Hélio teve o mandato cassado pela Câmara Municipal de Campinas em 2011, acusado de omissão diante da corrupção na companhia municipal Sanasa, negligência na defesa do bem público na aprovação de loteamentos irregulares e procedimento incompatível com o cargo na aprovação da instalação de antenas de telefonia celular na cidade.

Embora enquadrado na Lei da Ficha Limpa, Hélio voltou a se candidatar à prefeitura de Campinas nas eleições municipais deste ano. Teve a candidatura indeferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e recorreu da decisão, o que garantiu seu nome na urna eletrônica. Os 27.915 votos que recebeu foram anulados pela Justiça Eleitoral.

Por João Pedroso de Campos
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