quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Um filamento misterioso parece sair do buraco negro no meio da nossa galáxia



A imagem acima provavelmente não tem significado nenhum para a maioria de nós, mas é bastante emocionante para os astrônomos.
Ela mostra um filamento misterioso de 2,3 anos-luz de comprimento aparentemente saindo do buraco negro supermassivo Sagittarius A*, no centro da nossa galáxia.

O que é emocionante sobre isso? Dentre várias possibilidades, pode provar uma teoria proposta na década de 1970.

Filamento no centro da Via Láctea
O filamento foi descoberto em 2012, mas a nova imagem revela que a longa linha parece ser bastante próxima do coração da nossa galáxia.

Os pesquisadores produziram a fotografia usando dados do radiotelescópio Karl G. Jansky Very Large Array e aplicando uma nova técnica para destacar os detalhes.

Embora encontrar fluxos de gás ou linhas de partículas brilhantes que se estendem por regiões do espaço não seja incomum, as origens destes filamentos são geralmente um mistério.

Segundo o astrônomo Jun-Hui Zhao, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics em Cambridge (EUA), essa descoberta deve motivar cientistas a construir uma nova geração de telescópios de rádio com tecnologia de ponta, a fim de resolvermos o enigma.

Ligação com um buraco negro supermassivo
Estruturas como esta, chamadas de filamentos de rádio não térmicos (NRF, na sigla em inglês), já foram observadas flutuando no meio da nossa galáxia anteriormente.

Inicialmente, suspeitava-se que eles tivessem algo a ver com os campos magnéticos da Via Láctea. Conforme mais filamentos foram descobertos fluindo em direções estranhas, essa ideia foi rejeitada.
O que torna este filamento particularmente incomum é que parece estar partindo do horizonte de eventos de Sagittarius A*, o buraco negro gigantesco, quatro milhões de vezes mais pesado que o nosso sol, que mora no meio da nossa galáxia.

Isso abre algumas explicações intrigantes possíveis.

Alternativas
A opção menos emocionante é que este filamento é apenas um NRF tradicional, que simplesmente parece estar conectado ao buraco negro.

Em outras palavras, pode ser o equivalente astronômico de um cabelo galáctico na frente da lente. Porém, de acordo com os astrônomos, isso é extremamente improvável.
A hipótese preferida dos pesquisadores é de que o fio é feito de partículas sendo descartadas de Sagittarius.

Redemoinhos de partículas sendo puxadas para o buraco negro podem criar um campo magnético forte, que por sua vez age como um acelerador de partículas. Partículas carregadas canalizadas a uma velocidade absurda poderiam explicar um fluxo fino e incandescente ligado à Sagittarius.

Por fim, existe uma outra possibilidade, menos provável, porém ainda mais emocionante: de que este filamento é na verdade um objeto hipotético conhecido como “corda cósmica”.

Cordas cósmicas
As cordas cósmicas foram teorizadas pela primeira vez pelo físico Tom Kibble na década de 1970. Elas são “falhas topológicas” unidimensionais maciças que se formam entre diferentes partes do vácuo à medida que o espaço se expande.

Em outras palavras, são como fendas no espaço que se formaram quando nosso universo ainda jovem estava se expandindo (como um tecido que rasga ao se esticar muito).

Dado que essas “cordas” devem ser absolutamente imensas, se de fato existem, o meio de uma galáxia seria um bom lugar para procurar por elas.

No caminho certo
Seja o que for, descobrir a natureza desse filamento estranho será um avanço para a astronomia.

Se forem partículas sendo atiradas de Sagittarius, isso nos ensinaria mais sobre campos magnéticos nesta zona altamente caótica do universo.

Já detectar uma corda cósmica seria uma descoberta pioneira que nos diria muito sobre a própria natureza do universo e suas origens.

“Vamos continuar procurando até que tenhamos uma explicação sólida para esse objeto. E pretendemos produzir imagens ainda melhores e mais reveladoras”, disse Miller Goss, integrante do National Radio Astronomy Observatory, observatório que abriga o Karl G. Jansky Very Large Array.

Um artigo sobre essa pesquisa foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters. [ScienceAlert]

por Natasha Romanzoti
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