sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Algo incrível e misterioso ocorre dentro do cérebro logo antes de morrer


Independentemente do que aconteça, seja uma caminhada por um longo túnel com uma luz em seu final ou um campo onde podemos andar por entre a grama, ou mesmo revisitar memórias boas, ou até mesmo nada, o que experimentarmos logo depois da morte é um segredo que será só nosso. Mas, seja o que for, isso está no campo da fé – ou da falta dela. Mas o que a ciência tem a dizer sobre os últimos momentos de vida do nosso cérebro?
Os cientistas dizem que esses momentos finais de consciência podem ser alimentados por algo incrível e misterioso que ocorre dentro do nosso cérebro.

A atividade cerebral tem um pico quando a morte acontece. Em 2013, pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, descobriram que, após a ocorrência de uma morte clínica em ratos, a atividade do cérebro se acentuou, revelando assinaturas elétricas de consciência que excediam os níveis encontrados no estado de vigília dos animais.

Isso fez com que eles imaginassem se era possível “ver” se o cérebro estaria experimentando algum tipo de pico de consciência também

“Nós pensamos que, se a experiência de quase morte decorre da atividade cerebral, os correlatos neurais da consciência devem ser identificáveis ​​em seres humanos ou animais, mesmo após a cessação do fluxo sangüíneo cerebral”, afirmou o neurologista Jimo Borjigin, que fazia parte da equipe.

E eles detectaram exatamente isso: os ratos anestesiados exibiram um aumento da atividade cerebral altamente sincronizada dentro de 30 segundos após uma parada cardíaca induzida, consistente com os padrões encontrados em um cérebro altamente excitado.

O fenômeno detectado foi uma revelação, na medida em que pode refutar a noção de que apenas porque o fluxo sanguíneo cessou como resultado da morte clínica, o cérebro deve necessariamente se tornar simultaneamente inerte. “Este estudo nos diz que a redução de oxigênio ou oxigênio e glicose durante uma parada cardíaca pode estimular a atividade cerebral, que é característica do processamento consciente”, diz Borjigin. “Ele também fornece o primeiro quadro científico para as experiências de quase morte relatadas por muitos sobreviventes de paradas cardíacas”, aponta.

Quase morte
Em 2014, o maior estudo mundial sobre experiências de quase-morte e experiências fora do corpo foi feito por Sam Parnia, pesquisador da Stony Brook University, nos EUA. Os pesquisadores fizeram entrevistas com mais de 100 sobreviventes de paradas cardíacas, e descobriram que 46% deles mantiveram memórias de seu encontro com a morte, centradas em vários temas, incluindo luzes brilhantes, familiares e medo.
O mais intrigante é que dois dos pacientes foram capazes de recordar os eventos relacionados à ressuscitação que aconteceram depois deles terem morrido, o que, de acordo com as visões convencionais sobre a consciência além da morte clínica, não deveria ter sido possível.

“Nós sabemos que o cérebro não pode funcionar quando o coração para de bater, mas neste caso a consciência parece ter continuado por até três minutos durante o período em que o coração não estava batendo, apesar do cérebro normalmente desligar dentro de 20 a 30 segundos após o coração parar”, apontou Parnia na época.

Há, claro, os céticos, que afirmam que o fenômeno, que só foi relatado por 2% dos pacientes, não passa de uma ilusão. O próprio Parnia mais tarde admitiu que “a explicação mais fácil é que esta é provavelmente uma ilusão”.

Essa “ilusão” pode ser corroborada por uma resposta neurológica ao estresse fisiológico durante eventos cardíacos. Em outras palavras, seria uma experiência cognitiva que precederia – e não aconteceria depois – da morte clínica, e que é mais tarde lembrada pelo paciente.
“Eu sou cético. Eu acho que as experiências fora do corpo foram desacreditadas, porque os mecanismos que produzem memórias de visão e registro estão inoperantes”, afirmou o neurologista Cameron Shaw, da Universidade de Deakin, na Austrália, à revista Vice.

No artigo da Vice, Shaw aponta que “nosso senso de nós mesmos, nosso senso de humor, nossa capacidade de pensar adiante – tudo isso se vai dentro dos primeiros 10 a 20 segundos. Então, à medida que a onda de células cerebrais famintas de sangue se espalhou, nossas memórias e centros de linguagem diminuem, até que ficamos apenas com um núcleo”.

Esta perspectiva pessimista não está de acordo com a experiência dos ratos – e os cientistas ainda estão encontrando evidências de processos biológicos surpreendentes que continuam a prosperar mesmo dias após a morte ser declarada.

A verdade é que, embora a ciência nos tenha dado algumas ideias fascinantes sobre os momentos finais do cérebro, as pesquisas ainda não são conclusivas. A única certeza é que vamos todos descobrir o que acontece um dia. [Science Alert]

por Jéssica Maes
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