Irmãos em MS tatuam música de Roberto Carlos e sonham em vê-lo

Rapaz diz ter voltado do coma após ouvir canção entoada pela irmã.

Escutar a melodia também foi último pedido da avó deles em leito de morte.

Irmãos em MS tatuam música de Roberto Carlos e sonham em vê-lo (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

A música “Como é grande o meu amor por você”, cantada por Roberto Carlos, faz parte da história da família Becker, de Campo Grande. A canção ficou marcada quando Nathalie Becker a cantou para o irmão Fernando Becker no momento em que ele estava em coma e, segundo ela, reagiu após ouvir a melodia. Eles tatuaram a letra nas costas e sonham e conhecer o Rei, que fará show na cidade nesta quinta-feira (7).

Fernando e Nathalie contam ao G1 que cresceram ouvindo a música na voz da mãe Évora Becker, que a entoava como canção de ninar para os dois.

“Eu trabalhava demais durante o dia, fazia plantões e por isso era uma mãe um pouco ausente com meus filhos. Quando chegava em casa, colocava a música para eles ouvirem, como forma de mostrar que mesmo estando um pouco distante durante o dia, meu amor por eles era maior que tudo”, explica Évora, que é gerente administrativa em uma unidade básica de saúde de Campo Grande.

Ela conta que sempre foi fã de Roberto Carlos, principalmente durante a adolescência, mas fala que a melodia “Como é grande o meu amor por você” tem uma importância maior, não apenas após a recuperação do filho, mas também a ajuda a lembrar-se da mãe, avó de Fernando e Nathalie, que pediu para ouvir a canção, que eles apelidaram de “o tanto”, antes de morrer.

"Foi um do últimos pedidos dela antes de começar a ter uma parada cardiorrespiratória. Enquanto eu cantava e segurava a mão dela, os enfermeiros e médicos preparavam o leito dela no CTI", lembra.

Irmãos em MS tatuam música de Roberto Carlos e sonham em vê-lo (Foto: Gabriela Pavão/ G1 MS)

Renascido

A família conta que Fernando foi internado depois de cair e fraturar duas vértebras da coluna. Ninguém sabe como o acidente aconteceu. Ele foi encontrado já desmaiado dentro do banheiro na casa da família. Ficou cerca de dez dias em coma.

Nathalie conta que foi visitar o irmão no hospital. “Minha mãe já tinha pedido para eu cantar ‘o tanto’ [apelido da música par a família] pro meu irmão. Quando vi ele naquela situação, desacordado, só pensei em cantar, porque a gente sempre cantava quanto estava com algum problema, era uma forma de nos unir e mostrar um pro outro que estávamos ali do lado”, relata.

Segundo ela, até então o rapaz não estava respondendo bem aos estímulos externos. “Comecei a cantar e segurei na mão dele, e de repente ele respondeu com estímulo, apertou minha mão. Fiquei muito emocionada e continuei cantando, até que ele abriu os olhos pra mim”, lembra emocionada.

Nossa amizade e cumplicidade são muito fortes. Ele sabia que eu estava lá, cantando pra ele e segurando na mão dele"

Nathalie Becker

A jovem afirma que a música despertou no caçula um pouco da consciência “adormecida” pelo estado de coma.

“Nossa amizade e cumplicidade são muito fortes. Ele sabia que eu estava lá, cantando pra ele e segurando na mão dele, mesmo sem me ver. Depois disso ele começou a se recuperar mais a cada dia”, explica.

Fernando conta que teve trombose cerebral, hipoglicemia severa e e outras complicações. Depois de voltar do coma, ficou ainda vinte dias internado até receber alta. Do acidente, não restou uma sequela.

Após o episódio, ele e Nathalie tiveram a ideia de fazer a tatuagem. Foi quando decidiram registrar na pele o momento que viveram no hospital. “Tivemos a ideia juntos e resolvemos tatuar, a princípio, só a primeira parte da música. Mas alguma coisa faltava e então tatuamos o restante da letra. O momento foi meu e dele, mas a tatuagem também foi uma homenagem à nossa mãe e nossos avós”, relata.

Évora só ficou sabendo sobre a atitude dos filhos seis meses após o procedimento. Quando resolveram contar, levaram bronca. “Não sou fã de tatuagem, por isso não queria que eles fizessem nada que rabiscasse a pele, mas achei bonito o motivo e a homenagem que fizeram um para o outro”, relata.

Para o show desta quinta-feira, Nathalie e Fernando não conseguiram comprar os ingressos. Eles gravaram um vídeo pedindo não para ver a apresentação, já que acompanharam o Rei cantantando em outros eventos, mas para ter a chance de conversar com ele.

“Queria falar com ele, agradecer por ter feito uma música tão linda, por ter feito parte da nossa história mesmo sem saber”, fala.

fonte:http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2013/11/irmaos-em-ms-tatuam-musica-de-roberto-carlos-e-sonham-em-ve-lo.html
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