O DIA apurou que Sá vai propor o parcelamento das metas para reforçar o programa de gratificação
Rio - Foram 3.571 dias à frente da Secretaria de Segurança do Estado do Rio. O mais longevo secretário no posto, José Mariano Beltrame, entregou uma carta de demissão na noite da última segunda-feira, horas após a Zona Sul parar por conta de um tiroteio na favela Pavão Pavãozinho, que tem uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) — programa símbolo de sua gestão.
Roberto Sá pretende parcelar o Sistema de Metas e Acompanhamentos de Resultados (SIM), que contribuiu para reduzir mortes no estado - Paulo Alvadia / Agência O Dia
Assume o cargo, na próxima segunda, Roberto Sá, seu braço-direito e até então subsecretário de Planejamento e Integração Operacional, que já tem um desafio imediato pela frente: pagar o salário e o 13º dos policiais, que Beltrame diz não ter verba. Foi Sá quem criou o Sistema de Metas e Acompanhamento de Resultados (SIM), que contribuiu para reduzir as mortes no estado propondo pagamentos aos policiais.
Se na década de 1990 havia a premiação por “atos de bravura”, que normalmente resultavam em morte em confrontos com bandidos, no SIM a gratificação ocorre ao contrário: atingem a meta os batalhões e delegacias que registrarem menores taxas de homicídios. No entanto, o programa entrou em crise juntamente com as finanças estaduais: os pagamentos semestrais pararam de ocorrer ano passado o que teria, segundo Beltrame, influenciado no aumento dos índices criminais.
O DIA apurou que Sá vai propor o parcelamento das metas para reforçar o programa. Em relação às UPPs, o novo secretário sempre opinou contra a expansão das unidades, mas foi voto vencido no governo. Sá não pretende criar a UPP Maré.
Nos próximo dois anos, o novo secretário quer reforçar a integração entre as polícias com maior atuação das Regiões Integradas de Segurança Pública. Para Ignácio Canno, especialista em Segurança, no entanto, Sá representa a continuidade de Beltrame. “Não haverá espaço para grandes mudanças. A relação institucional entre as polícias poderá ser uma melhoria”, avaliou.
O motivo alegado para sua saída de Beltrame foi ‘cansaço’, segundo o governador licenciado, Luiz Fernando Pezão(PMDB).“Beltrame prestou serviços extraordinários à população à frente da Secretaria de Segurança nesses quase dez anos. Temos muito a agradecê-lo”, disse, em nota.
Ele já apontava que queria sair do governo desde 2014, ano em que os índices criminais voltaram a subir. O número de assaltos, por exemplo, foi o mais alto em 10 anos: 158.078 contra 110.998 de 2004. Já, entre os recordes positivos na sua gestão, há a redução de homicídios.
“Acho que poupamos muita vidas. Poupamos, especificamente 21 mil e 60 vidas em 9 anos e 9 meses”, afirmou ontem Beltrame, em entrevista ao RJ TV, sobre a queda das taxas em sua gestão.
por Bruna Fantti
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