domingo, 6 de agosto de 2017

Escolas nos EUA não darão mais lição de casa para alunos do ensino fundamental


A partir de setembro, os 20 mil alunos de ensino fundamental do distrito escolar de Marion County, na Flórida, EUA, entrarão na escola com a promessa de que não farão mais lição de casa como parte de sua vida escolar diária. A política está sendo introduzida pela nova superintendente do condado, Heidi Maier. Ela motivou sua decisão com pesquisas que mostram que a lição de casa não melhora as realizações de alunos mais jovens, mas o tempo livre de atividades escolares é importante para o desenvolvimento delas. A política excluirá algumas atribuições ocasionais, como projetos científicos ou trabalhos de pesquisa.

A política de não ter dever de casa é uma raridade nos EUA, onde a ênfase exigente nos resultados de testes padronizados leva a uma pressão constante, em estudantes e professores, para a preparação rigorosa começando o mais cedo possível – não é muito diferente no sistema de ensino brasileiro. Na Finlândia, no entanto, onde os alunos estão consistentemente entre os melhores em testes de avaliação acadêmica internacional como o PISA, a lição de casa não é considerada uma ferramenta importante para o sucesso acadêmico (nem os testes padronizados são uma ferramenta importante para sua medição).
Além de acabar com a lição de casa, Maier encorajará os pais a passarem tempo com seus filhos todas as noites, lendo para eles por pelo menos 20 minutos. Embora não haja evidências sólidas de que a lição de casa seja benéfica para o sucesso acadêmico em crianças mais jovens, há muitas evidências de que a leitura é. Maier citou o trabalho de Richard Allington como suporte para sua decisão. Allington é professor de educação na Universidade do Tennessee, também nos EUA, e dedicou sua carreira ao estudo da alfabetização precoce.

“A qualidade das lições de casa é tão fraca que simplesmente fazer com que as crianças leiam, substituindo a lição de casa pela leitura auto-selecionada é uma alternativa mais poderosa”, disse Allington para o jornal Washington Post.

Qual leitura?
Enquanto Maier incentiva a leitura de todos os tipos de textos para aumentar a compreensão de leitura, algumas pesquisas mostraram que pelo menos quando se trata de aumentar a empatia, o tipo de leitura é importante.

Emanuele Castano e David Kidd realizaram cinco estudos em que deram trechos de diferentes tipos de textos: ficção popular, ficção literária, não ficção ou nada. Posteriormente, eles administraram um teste de Teoria da Mente que mede a capacidade de uma pessoa entender que outras pessoas possuem crenças e desejos e que elas podem diferir das suas. Os resultados dos estudos mostraram que a ficção literária, mas não a ficção popular ou a não ficção, aumentaram as habilidades da Teoria da Mente.

Até agora, Maier diz que os pais estão recebendo bem a mudança, assim como os professores.

“Estou apoiando a política de não-dever de casa”, diz Lisa Fontaine-Dorsey, professora de matemática e ciências de terceira série na Wyomina Park Elementary School. “Eu não dou lição de casa de qualquer maneira. Eu acho que eles precisam ir para casa e brincar e fazer algo saudável, como esportes. Todo o dia na escola são pressionados com testes, testes, ambiente de testes. Eles precisam ir para casa e se afastar disso. Será benéfico para os estudantes”.

Quanto a todos os alunos mais velhos que esperam dias sem lição de casa, não há planos para a introdução da política no ensino médio. A pesquisa mostra alguns efeitos acadêmicos positivos da lição de casa nessas faixas etárias. [Big Think]

por Jéssica Maes
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