quinta-feira, 23 de março de 2017

Carne Fraca: Brasil pede à OMC que evite medidas ‘arbitrárias’

As exportações de carnes caíram 60,5 milhões de dólares na segunda-feira para apenas 74.000 dólares na terça-feira

As exportações de carnes caíram 60,5 milhões de dólares na segunda-feira para apenas 74.000 dólares na terça-feira (Ueslei Marcelino/Reuters)

O Brasil pediu nesta quarta-feira aos países da Organização Mundial do Comércio (OMC) que evitem aplicar restrições “arbitrárias” a suas exportações de carne, atingidas por denúncias de adulterações do produto.

Desde que a Operação Carne Fraca foi divulgada, vários países fecharam nesta semana total ou parcialmente seus mercados ou intensificaram seus controles sobre os produtos brasileiros, prejudicando um negócio de 13 bilhões de dólares no ano passado e com clientes em 150 mercados.

“O que nós estamos sofrendo agora é uma pancada, um soco no estômago”, classificou o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em uma apresentação no Senado.

“O grande trabalho que nós temos daqui para frente é de recuperar, de reorganizar nossas forças, de correr atrás, viajar o mundo, fazer as missões, mostrar efetivamente o que aconteceu aqui, que foram desvios de algumas pessoas e não de um sistema ou de uma indústria forte”, acrescentou.

Considerando a gravidade da crise, Maggi afirmou que o Brasil deverá suspender seus planos de aumentar em até 10% sua participação no mercado global de alimentos, onde atualmente responde por 7%.

“Ao olhar para os 7% começo a pensar que eu tenho que trabalhar para ficar nos 7%. Eu não consigo olhar nem imaginar indo para os 10%. É um choque.”

Em uma tentativa de redução de danos, o Brasil, maior exportador mundial de carne bovina e de frango, pediu a seus sócios na OMC que não adotem medidas que consistam em restrições arbitrárias ao comércio internacional ou contrárias às disciplinas contempladas no Acordo SPS [de aplicação de medidas sanitárias] e outras regras da OMC.

O pedido foi entregue em Genebra em uma reunião do Comitê de medidas sanitárias e fitossanitárias da OMC, uma instituição multilateral que conta com 164 membros.

Vendas em queda livre
A Operação Carne Fraca investiga um esquema de corrupção envolvendo fiscais e frigoríficos. Trinta pessoas foram detidas, três unidades frigoríficas foram fechadas e os 21 investigados perderam a permissão para exportar. Entre eles há unidades dos gigantes globais JBS e BRF.

“A própria investigação policial prova a transparência e a credibilidade dos controles”, afirma o texto distribuído na OMC. “Nossa maior preocupação e nosso maior compromisso é garantir a segurança e a qualidade dos produtos”, acrescentou.

Os esforços, contudo, não evitaram que China, Hong Kong e Chile – que juntos representaram 40% das exportações de carne vermelha em 2016 – fechassem totalmente seus mercados à carne brasileira. União Europeia, Suíça, Japão, México e África do Sul proibiram a entrada de produtos procedentes de frigoríficos sob suspeita.

Outros países, como Estados Unidos, Coreia do Sul, Arábia Saudita – principal comprador de carne de frango brasileiro – e Argentina aumentaram seus controles.

O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços informou que as exportações de carne bovina, de porco e de frango caíram 60,5 milhões de dólares na segunda-feira para apenas 74.000 dólares na terça-feira. A média diária até o início do escândalo era de 63 milhões de dólares.

(Com AFP)
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