segunda-feira, 20 de março de 2017

Carne fraca: será um desastre, diz ministro sobre veto à carne

China, Chile e Coreia do Sul anunciaram restrições temporárias à carne brasileira

O ministro Blairo Maggi concede entrevista na entrada principal da Mapa, para fazer um balanço sobre a situação das carnes brasileiras, em decorrência da investigação desencadeada pela Polícia Federal. Foto: Carlos Silva /Mapa (Carlos Silva/MAPA)

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse nesta segunda-feira (20) que o governo brasileiro precisa se apressar para dar explicações aos países que importam carne do Brasil. A preocupação é com o bloqueio desses mercados ao produto brasileiro, consequência da Operação Carne Fraca, que revelou um esquema de corrupção envolvendo fiscais agropecuários e frigoríficos.

“Temos que correr para atuar no mercado externo. Não podemos permitir o fechado [do mercado]. Uma vez que aconteça o fechamento, serão muitos anos de trabalho para reabrir novamente. Nossa preocupação é não deixar sem resposta nenhum pedido de informação de nenhum mercado”, afirmou ele.

Para Maggi, será um desastre se os países importadores restringirem a entrada da carne brasileira. “Se todos os países suspenderem, será um desastre.”

Além de China, Chile e Coreia do Sul, o governo brasileiro também recebeu pedidos de explicações do Egito e manteve contato com a Rússia, que está monitorando a reação da comunidade europeia.

Representantes do Ministério da Agricultura terão uma conversa às 21h (horário de Brasília) com autoridades chinesas. O objetivo é liberar o desembarque da carne brasileira. Por enquanto, o produto brasileiro não pode sair dos portos chineses.

Em relação à comunidade europeia, Maggi afirma que o governo já está conversando com os representantes para tratar da carne brasileira.

“Eles não tomarão nenhuma atitude contra o Brasil, a não ser contra as 21 empresas [alvo da investigação]. Dessas 21, quatro exportaram. Não há retaliação e sim preocupação”, disse.

Sobre o Chile, o ministro afirmou que o Brasil ainda quer entender que as restrições envolvem toda a carne exportada ou apenas os produtos das 21 empresas investigadas.

Já a Coreia do Sul interrompeu a importação de frango da BRF. “A Rússia está observando o movimento da comunidade europeia. O Egito também nos comunicou sobre a possibilidade [de levantar restrições].”

O ministro diz que espera receber pedido de explicações de mais de 30 países, referindo-se ao total de países que importam do Brasil.

Intervenções
Maggi determinou intervenção nas superintendências da pasta no Goiás e no Paraná, onde a Polícia Federal encontrou indícios de irregularidades na Operação Carne Fraca.

Funcionários do ministério que atuam em Brasília serão deslocados para esses dois Estados com a missão de “dar uma limpa” nos procedimentos. Escutas da Polícia Federal detectaram que, nessas superintendências, funcionários foram subornados para liberar a comercialização de produtos fora das especificações e até mesmo deteriorados.

(Com Estadão Conteúdo)
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