Dez dias atrás, o estudante Victor Hugo Deppman, 19 anos, foi assassinado com um tiro na cabeça em frente ao prédio que morava com a família no Belém, bairro da Zona Leste de São Paulo. Victor não reagiu e mesmo assim o assaltante de 17 anos atirou à queima roupa. Mais uma tragédia com armas de fogo, mais uma família em luto pra vida toda.
Só que, mais uma vez, uma parte da opinião pública e a grande imprensa transformaram a dor em gritaria pela redução da maioridade penal (de 18 para 16 anos) como se uma tragédia isolada fosse um problema crônico.
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Nos últimos anos houve um aumento de crimes juvenis? Não, não houve. Em nota técnica contrária à redução da maioridade penal, a Fundação Abrinq afirmou, via Levantamento Nacional de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente em Conflito com a Lei (2011), “que de 2002 para 2011 houve uma redução percentual de atos graves contra pessoa e o homicídio apresentou redução de 14,9% para 8,4%; a prática de latrocínio reduziu de 5,5% para 1,9%; o estupro de 3,3% para 1,0% e lesão corporal de 2,2% para 1,3%”.
Enquanto o espírito linchador insistir que é preciso prender mais e por mais tempo nada disso vai mudar, muito menos melhorar. Não adianta atacar, como é costume de políticos oportunistas como o governador Geraldo Alckmin (SP), os fins e não as causas da violência. E, acima de tudo, não é possível legislar ou mudar leis com base na emoção. Estimular e melhorar a infraestrutura de medidas sócio-educativas é o melhor caminho para tirar os jovens do mundo do crime.
jovens na prisão: péssima ideia
Em ótimo texto sobre o assunto, Vinícius Boncato, aluno de Jornalismo na mesma Casper Líbero no qual Victor Deppman estudava Rádio e TV, faz uma pergunta muito importante: a questão é tentar reduzir a violência ou atender a um desejo coletivo de vingança? É vingança, claro, como diz o jornalista Leonardo Sakamoto em “Jovem rico erra. 'Menor' pobre comete crime” (também de sua pena é o texto provocativo “Maioridade penal aos seis. Afinal, nessa idade, eles já se vestem sozinhos”).
De volta à nota da Abrinq é bom que se entenda que “antes de criminalizarmos a adolescência, é preciso que os direitos sociais, tais como, educação, saúde, moradia, lazer, segurança, entre outros, estejam assegurados para cada adolescente brasileiro. Somente assim poderemos ser de fato um país democrático, rico e com justiça social”. É por isso que a gente tem que lutar.
p.s.: Vale assistir a um documentário curto sobre os benefícios da prática de yoga para os adolescentes internos da Fundação Casa e também às ponderações do antropólogo Paulo Malvasi no programa Encontros com Fátima Bernardes. São dois vídeos: “Medidas sócio-educativas são a melhor opção para recuperar menores” e “Redução da maioridade é atitude paliativa”.
fonte:http://br.noticias.yahoo.com/blogs/mexidao/redu%C3%A7%C3%A3o-da-maioridade-penal-o-oportunismo-sempre-222440998.html
Por Dafne Sampaio | Mexidão
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