Número de votos favoráveis ao relatório da CCJ, abstenções e ausências garante que presidente escape de investigação por corrupção no STF
Brasília - O presidente Michel Temer venceu a batalha na Câmara dos Deputados e as denúncias de corrupção lançadas pelas conversas gravadas com Joesley Batista, dono do grupo J&S, e que incluíram o vídeo em que o deputado Rocha Loures, aliado próximo do presidente, foi flagrado recebendo uma malda com R$ 500 mil. Temer ultrapassou os 172 votos, entre favoráveis ao relatório da Comissão de Constituição e Justiça, ausências e abstenções. A oposição precisava de 342 votos pelo não.
A sessão foi aberta no começo da manhã. Após atingir o tempo limite de cinco horas previsto no regimento da Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), teve que encerrar a sessão e convocar uma nova. Com isso, o processo de votação teve que recomeçar, o que foi comemorado pela oposição.
Houve momentos de tensão e empurra-empurra entre deputados da base aliada e da oposição. O bate boca começou após Wladimir Costa, o deputado do Pará fez uma tatuagem em homenagem a Temer, usou um boneco do presidente Lula para tentar atrapalhar a fala de deputados da oposição. Do outro lado, oposicionistas jogaram faixas e notas falsas de dólar para o alto. "Os dois lados jogando boneco de um lado para o outro. Vocês isso bonito para a imagem do Brasil?", questionou o presidente da Casa, Rodrigo Maia.
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Por volta das 20 horas, o número de votos de que Temer precisava para escapar das investigações foi alcançado. Os aliados de Temer esperam uma votação com larga vantagem, que possa ajudar a aprovar a Reforma da Previdência. O tema foi lembrado por vários deputados ao anunciar o voto. A oposição considera que uma derrota por mais de 300 votos será muito negativa.
A votação foi nominal e aberta, ou seja, todos os deputados tiveram que ir até o microfone e anunciar o voto a favor do relatório que livrou Temer das denúncias (SIM), ou contrário ao relatório e a favor do encaminhamento das denúncias ao Supremo Tribunal Federal (STF). Muitos dos que votaram a favor de Temer alegaram que o presidente será julgado depois do mandato e que, o mais imporante no momento, é manter a estabilidade.
Apesar da vitória, deputado oposicionista joga a toalha
Entretanto, parte dos deputados contrários ao presidente lamentou e admitiu que não alcançaram o objetivo de adiar a sessão. "Perdemos", afirmou o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE). Segundo ele, a oposição errou ao se inscrever para fazer discursos e, assim, contribuir com o quórum. Ele também afirmou que o governo foi bem-sucedido em convencer deputados dissidentes da base, como do PSDB, a marcar presença mesmo que votassem contra Temer
Deputados admitem que se a denúncia for barrada com mais de 300 votos representará "um desastre" para a oposição.
No cafezinho do plenário, espaço de confraternização dos deputados, integrantes da base do governo almoçavam e mantinham conversas descontraídas. Líder da maioria, o deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES) disse esperar que a votação terminasse o quanto antes e que o governo teria um placar superior a 290 votos.
Adesivo debocha de 'tatuagem'
Deputados da oposição estão circulando pelo plenário com um adesivo colado no paletó, na altura do ombro, com a inscrição "Fora Temer" e uma bandeira do Brasil. O desenho é exatamente o mesmo da tatuagem exibida esta semana pelo deputado Wladimir Costa (SD-PA), mas sem o "Fora". O deputado disse na ocasião ter decidido marcar "para sempre" o apoio ao presidente. Mas a tatuagem, garantem, especialistas, é de henna. O adesivo foi distribuído no plenário por integrantes da oposição, em meio a brincadeiras e selfies.
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